A iniciativa da rede foi lançada no webinário “Como a Amazônia Fala da Amazônia”. A expectativa, agora, é a de que a rede vai estruturar parcerias para publicar e distribuir conteúdos no site da InfoAmazonia
A InfoAmazonia lançou, em 3 de outubro de 2022, um projeto para impactar o jornalismo produzido “sobre” e “a partir da Amazônia”. Trata-se da Rede Cidadã InfoAmazonia, que chega com a proposta de conectar comunicadores locais e mídias regionais da Amazônia Legal.
A expectativa é a de cocriar e difundir conteúdos com temas socioambientais produzidos no território amazônico. Atuando como facilitadora dessa rede, a InfoAmazonia pretende publicar estes conteúdos, que serão construídos de forma colaborativa, em seu site e em outras mídias parceiras.
O ponto de partida para o projeto da Rede Cidadã InfoAmazonia foi a elaboração do Mapa Vivo de Mídias da Amazônia, que traz dados de veículos de comunicação dos nove estados da Amazônia Legal. Foram identificados os meios que estão falando sobre temas socioambientais. Também foi produzida uma análise do contexto de produção jornalística sobre a temática em cinco estados (Acre, Amapá, Amazonas, Maranhão e Pará).
Nesta primeira fase do mapeamento, realizada até outubro de 2022, foram identificados 282 meios de comunicação da Amazônia Legal, que publicaram temas socioambientais. Já a análise de conteúdos dos cinco estados amazônicos identificou materiais publicados durante o período de janeiro a dezembro de 2021, a partir de cruzamentos da combinação de expressões-chave como, por exemplo, “Amazônia” e “mudanças climáticas”. Também foram entrevistados pesquisadores, ativistas, comunicadores e jornalistas da região, na intenção de compreender o cenário midiático e as dificuldades da cobertura jornalística.
Segundo o estudo, apenas dois em cada dez veículos de comunicação na Amazônia Legal apresentaram editorias, seções ou categorias agrupando notícias socioambientais. E há uma natural concentração de meios nos principais centros urbanos de cada Estado.
Por outro lado, o mapeamento aponta, para além das mídias tradicionais, meios que atuam de forma independente e que também se dedicam a temas socioambientais. Em cada um dos cinco estados foram destacadas experiências desses meios, a exemplo da Agência Experimental de Comunicação da Universidade Federal do Amapá (AgCom/Unifap), projeto de extensão do curso de um curso de jornalismo que funciona como uma agência experimental produtora de conteúdo. Ou ainda o Blog do Fábio Pontes, colaborador da InfoAmazonia que mantém a iniciativa da mídia há 10 anos.
Outros meios destacados no estudo são produzidos por povos e comunidades tradicionais. Caso da TV Quilombo, iniciativa de produção de conteúdo audiovisual do quilombo Rampa, em Vargem Grande (Maranhão), da Rádio Floresta, produzida por comunitários da Reserva Extrativista Tapajós-Arapiuns, em Santarém (Pará), e também da Rede Wayuri de Comunicadores Indígenas do Rio Negro, em São Gabriel da Cachoeira (Amazonas).
A base de dados é aberta ao público. É possível filtrar por nome do veículo de comunicação, tipo de mídia e Estado. Essa base pode, inclusive, ser baixada na forma de tabela – arquivo .xlsx (compatível com o programa Excel).
Próximos passos da Rede Cidadã
A iniciativa da rede foi lançada no webinário “Como a Amazônia Fala da Amazônia”. A expectativa, agora, é a de que a rede vai estruturar parcerias para publicar e distribuir conteúdos no site da InfoAmazonia e nos meios de comunicação locais, em diferentes formatos – incluindo podcasts e newsletters. Além dos conteúdos colaborativos, uma equipe de jornalistas irá produzir reportagens sobre a produção jornalística socioambiental na Amazônia, contando os bastidores dos meios de comunicação e seus personagens.
“Unimos a nossa experiência no geojornalismo e a nossa capacidade de organizar um espaço de trabalho colaborativo para criar essa ideia. Nosso principal objetivo é o de promover o intercâmbio entre mídias e meios de comunicação para potencializar as histórias que precisam ser contadas e conhecidas pelo público. Queremos valorizar a produção dos veículos de comunicação locais e regionais”, conta a jornalista Débora Menezes, coordenadora da Rede Cidadã.
Os veículos que tiverem interesse em participar como produtores ou distribuidores de conteúdo podem entrar em contato com a rede pelo e-mail [email protected].
Também é possível colaborar com a continuidade do mapeamento, indicando mídias que fazem cobertura socioambiental e que não foram adicionadas ainda. É desse mapeamento que estão sendo identificados parceiros para compor a Rede Cidadã.