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Os impactos de uma nova era Trump no clima do planeta e na Amazônia

Trump deve colocar seus interesses acima de tudo e de todos. Uma nova era de desinformação deve surgir, com Musk ajudando. Infelizmente, é um pesadelo que se estenderá além dos próximos quatro anos.

Donald Trump foi eleito 48º presidente dos Estados Unidos. Foto: Gage Skidmore/Flickr

O republicano Donald Trump foi eleito o 48º presidente dos Estados Unidos, com maioria no Senado e, possivelmente, também na Câmara dos Representantes, além de contar com o apoio da maioria dos membros da Suprema Corte. 

Uma agressiva campanha deixou claro que ele colocará os interesses da extrema direita (e os seus próprios) acima de tudo e todos. É um negacionista climático que se opõe à cooperação multilateral e deixa claro que pretende proteger interesses extremistas em questões de mudanças climáticas, mesmo que isso signifique desconsiderar compromissos ambientais globais. 

Tem como parceiro Elon Musk, que atua na disseminação de desinformação em diversas áreas, incluindo a ambiental. Não há dúvida de que, juntos, usarão seus amplos recursos financeiros para apoiar campanhas políticas da extrema direita em diversos países, incluindo o Brasil entre os alvos. Infelizmente, o crescimento da direita e da extrema direita é um fenômeno que também vem ganhando força na Europa e na América Latina.

Uma agressiva campanha deixou claro que ele colocará os interesses da extrema direita (e os seus próprios) acima de tudo e todos. É um negacionista climático que se opõe à cooperação multilateral e deixa claro que pretende proteger interesses extremistas em questões de mudanças climáticas, mesmo que isso signifique desconsiderar compromissos ambientais globais. 

Paulo Artaxo

O cenário é preocupante. Estamos em um momento em que o planeta exige uma colaboração internacional intensa na COP29 e na COP30 e na implementação das novas Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs). Os Estados Unidos, sendo a maior economia global e o segundo maior emissor de gases de efeito estufa, desempenham um papel decisivo no futuro climático do planeta.

Com Trump, é provável que haja uma intensificação do uso de combustíveis fósseis, o que pode comprometer a transição energética dos Estados Unidos. Enquanto isso, o mundo já segue uma trajetória climática alarmante, com previsões de aquecimento médio de 3,1°C, muito além das metas estabelecidas para limitar os impactos das mudanças climáticas.

E na Amazônia?

No contexto da Amazônia, sob um governo Trump, é provável que as ações tomem um rumo desfavorável à preservação da floresta e das comunidades que nela vivem. 

O governo americano tende a apoiar narrativas que contrariam a proteção ambiental, começando pela diminuição do compromisso com acordos climáticos globais que salvaguardam as florestas. Isso incluiria cortes nos fundos e no apoio financeiro a projetos de conservação. 

Espera-se um enfraquecimento dos mecanismos de monitoramento internacional do desmatamento, resultando em menor pressão sobre a prática do desmatamento ilegal. Tais mudanças também podem prejudicar parcerias comerciais que exigem compromissos ambientais, afetando acordos e relações comerciais sustentáveis, como o Fundo Amazônia.

Todo esse cenário representa um pesadelo que se estenderá muito além dos quatro anos de governo Trump. 

Movimentos e partidos de extrema direita saem fortalecidos, com enormes recursos à disposição para enfraquecer o papel das Nações Unidas, desmantelar políticas de sustentabilidade e desconsiderar o combate às desigualdades socioeconômicas. Os riscos para o planeta vão muito além das questões ambientais e climáticas, afetando também a ordem global. As alianças entre a extrema direita brasileira e figuras como Trump e Elon Musk tendem a se intensificar, com consequências significativas para a preservação da Amazônia e para a construção de uma sociedade verdadeiramente sustentável.

Por outro lado, pode ser uma excelente oportunidade para Lula e o Brasil, ao se contraporem à agenda climática destrutiva de Trump, se aliarem a setores progressistas nessa questão, ganhando assim protagonismo na COP30 e além dela. 

Há um espaço a ser ocupado pelo governo Lula, que espero seja bem utilizado. O trabalho de construir uma sociedade mais justa ficou mais difícil, mas não impossível. Não desistiremos, claro. Vamos à luta!!!

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Paulo Artaxo

Paulo Artaxo é professor do Instituto de Física da USP, membro do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), membro da Academia Brasileira de Ciências (ABC), da World Academy of Sciences...

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