Informação obtida nesta quarta-feira via Lei de Acesso à Informação (LAI) reconhece que número de lote denunciado do medicamento Artesunato+Mefloquina tinha como destino o distrito de saúde Yanomami. Reportagem da InfoAmazonia deu origem à investigação sobre desvios de remédios da TI Yanomami para garimpos.

O Ministério da Saúde anunciou que o desvio de remédios da Terra Indígena Yanomami para garimpos da região será investigado junto aos órgãos competentes”. A informação, amplamente divulgada na imprensa nacional nos últimos dias, foi revelada em investigação da InfoAmazonia e do site Vocativo, que mostrou que medicamentos contra malária produzidos pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) estavam sendo vendidos em grupos de WhatsApp de garimpeiros da região da terra indígena, em reportagem publicada na última sexta-feira, 27. 

Nesta quarta-feira, 1º, o Ministério da Saúde confirmou via Lei de Acesso à Informação (LAI) que o lote 19111145 do medicamento Artesunato+Mefloquina, produzido pela Fiocruz, foi distribuído pelo SUS e tinha como destino o Distrito Sanitário Especial Indígena Yanomami (DSEI-Y). No entanto, caixas do medicamento, como mostra a reportagem, estão em poder de garimpeiros que vendem o tratamento por cerca de R$ 200 reais. O pedido de LAI foi feito pela InfoAmazonia em 22 de janeiro deste ano.

Reprodução/Whatsapp
Em destaque número do lote 19111145 produzido pela Fiocruz
Reprodução de documento obtido junto ao Ministério da Saúde
Dados fornecidos pelo Ministério da Saúde via Lei de Acesso à Informação confirmam que o lote 19111145 de medicamentos tinha como destino tratar malária na terra indígena.

No último 18 de janeiro, após questionamento da nossa reportagem, a Fiocruz encaminhou ofício ao Ministério da Saúde relatando as informações apuradas pela InfoAmazonia e cobrando “rastreio da distribuição desse medicamento”:

“Diante da gravidade e criticidade dessa notificação e tendo Farmanguinhos entregue toda a produção ao Ministério da Saúde, vimos a necessidade de informar-lhes a fim de que medidas possam ser tomadas para que o rastreio da distribuição desse medicamento possa ser feito e apurado o fato relatado”diz trecho do ofício enviado pela instituição ao Ministério.

As investigações feitas por nossa reportagem em grupos de Whatsapp de garimpeiros de Roraima tiveram início no começo de dezembro, logo após o Ministério Público Federal (MPF) instaurar inquérito para apurar desvio e superfaturamento de medicamentos no DSEI-Y. 

O Ministério da Saúde anunciou que vai apurar o caso “junto com os órgãos competentes”. Desde o ano passado, inquérito da PF investiga desvios no DSEI Yanomami, as novas informações serão juntadas à investigação em curso.

Nesta terça-feira, as informações denunciadas pela InfoAmazonia na reportagem Exclusivo: remédios do SUS para combater malária entre os Yanomami foram desviados e são vendidos por garimpeiros ilegais na internet repercutiram em diferentes veículos, destacando que os desvios contribuíram para o agravamento da crise humanitária entre os Yanomami.

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