Governo federal decretou na manhã deste sábado (21) estado de calamidade pública para conter a crise sanitária e humanitária.
Uma criança recém-nascida com 18 dias de vida foi salva pela equipe do Ministério da Saúde, esta semana, durante a missão enviada à Terra Indígena Yanomami, em Roraima. A criança apresentou quadro grave de pneumonia e desnutrição e sofreu cinco paradas cardíacas. Pelo menos oito crianças foram removidas para hospitais da capital, Boa Vista, com quadro grave de desnutrição e doenças infecciosas, e outras 40 estão em tratamento.
Dados recentes do Ministério da Saúde apontam que cerca de 570 crianças do povo Yanomami foram mortas por contaminação demercúrio, desnutrição e fome, devido ao impacto das atividades de garimpo de ouro, cassiterita e diamente ilegal na região.
Em meio à emergência constatada pelas equipes de saúde, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) desembarcou neste sábado, 21, em Roraima. O Ministério da Saúde declarou emergência em Saúde Pública de Importância Nacional nesta sexta-feira, 20, e o governo federal decretou estado de calamidade pública para conter a crise sanitária e humanitária. O presidente viaja para o território com a ministra do Ministério dos Povos Indígenas (MPI), Sônia Guajajara.
Desde segunda-feira, 16, profissionais fazem um diagnóstico sobre as denúncias de desassistência aos povos Yanomami, na maior terra indígena do Brasil, localizada na fronteira com a Venezuela. O governo federal atendeu a um pedido de socorro que tem sido feito reiteradamente pelo Conselho Distrital de Saúde Indígena Yanomami (Condisi-YY).
“Nós estamos pedindo socorro há cinco anos. O que os agentes do Ministério da Saúde encontraram é a realidade que viemos denunciando. Desnutrição, malária, muitas crianças doentes. Nós esperamos que, agora, o governo cuide de nós”, afirmou relatou Júnior Hekurari Yanomami, presidente da Urihi Associação Yanomami.
“Recebemos informações sobre a absurda situação de desnutrição de crianças Yanomami em Roraima. Amanhã viajarei ao Estado para oferecer o suporte do governo federal e, junto com nossos ministros, atuaremos pela garantia da vida de crianças Yanomami”, manifestou o presidente Lula durante nesta sexta em suas redes sociais..
Mais de 30 mil yanomamis vivem no território que nos últimos anos sofreu uma nova onda de invasão de garimpeiros. A Hutukara Associação Yanomami calcula nos últimos quatro anos cerca de 20 mil garimpeiros invadiram a terra indígena. As lideranças locais afirmam que a precarização dos serviços de saúde e a falta de atendimento adequado aos indígenas está diretamente ligada com a atividade garimpeira ilegal, que tem provocado conflitos e mortes.
Fotos exclusivas da missão, registradas na comunidade Surucucu esta semana, mostram crianças e idosos extremamente magros, com sinal de possível quadro de desnutrição aguda.
Em dezembro de 2022, o Ministério Público Federal (MPF) instaurou investigação para apurar o desvio e superfaturamento de medicamentos, especialmente de verminoses e malária, que deveriam chegar ao povo Yanomami.
No ano de 2022 foram registrados 11.530 casos confirmados de Malária no Distrito Sanitário Especial Indígena Yanomami e mais de 300 crianças indígenas yanomami vítimas de desnutrição e malária tiveram que ser removidas de suas comunidades de origem para o Hospital da Criança em Boa Vista para tratamento de média ou alta complexidade.
A invasão da Terra Yanomami teve o início durante a ditadura militar com a construção da rodovia Perimetral Norte BR-210 na década de 1960, quando a cobiça pelo ouro levou ao povo Yanomami um rastro de epidemias, violências e massacres que ainda hoje repercutem em suas aldeias.
As atrocidades que garimpeiros, grileiros, pecuaristas e coronelato em terras indígenas e derrubada de florestas, não chegou ao fim. A investidas que eles têm feito, passa por assassinatos e intimidações necrosas as direções. É uma guerra sem recuo e mordaz contra todos eles, sem piedade. Se necessário um confronto para a retomada da normalidade, os ministros, da Justiça e Meio Ambiente, devem tomar iniciativas na força plena da Lei e impor o Estado. Mortes de líderes, profissionais liberais e inclusive jornalistas, devem ser imediatamente esclarecidas. Todos na cadeia, todos! Jair Bolsonaro destruiu tudo e todos. Agora não é somente a faxina e a cura das chagas, mas exterminar todos eles pela via jurídica. Se não for suficiente, pela bala, inclusive fazendo-os, familiares ou não, pagarem o projétil. Parabéns, Fábio Bispo. Um jornalista destemido e completo. Frase para bandidos bolsonaristas é a ideal: “Democracia acima de tudo, cadeia em cima de todos”.