Em primeiro lugar, é importante esclarecer que a afirmação de que o documentário Cortina de Fumaça faria parte de uma lista de vídeos “com desinformações sobre a Amazônia” é mentirosa.
Todos os documentários da Brasil Paralelo passam por uma longa gestação, extensas pesquisas e aprofundamento sobre os temas antes de se iniciar a produção. Cortina de Fumaça traz fatos que são confirmados com dados e reportagens, com fontes apresentadas no próprio filme, como ficará claro nas respostas a seguir.
Vale pontuar que a própria “reportagem” comete desinformação ao afirmar que os referidos trechos foram retirados do documentário, sugerindo que o repórter sequer assistiu ao filme que acusa de desinformação. Gostaríamos que apontassem a minutagem em que os trechos aparecem na obra.
Questionamentos sobre alguma informação ou dado relatado na obra são sempre bem-vindos, mas devem ser apresentados de forma objetiva, e não com acusações de “desinformação” genéricas e ideológicas.
Nesse sentido, vale lembrar de recente decisão judicial em favor da Revista Oeste, também acusada de fakenews de forma irresponsável. Caso a mesma prática ocorra em relação à Brasil Paralelo, tomaremos as providências para que os danos sejam reparados.
1) Quais foram os critérios usados para escolher Christian Lohbauer e Edward Luz como especialistas no documentário “Cortina de Fuma de Fumaça?
Sempre buscamos entrevistados qualificados. Christian Lohbauer é mestre e doutor em Ciência Política pela USP, professor, especialista em defensivos agrícolas, com extensa e reconhecida carreira na indústria agropecuária. Participou da fundação e foi candidato a vice-presidente da República pelo partido Novo nas eleições de 2018.
Edward Luz é Bacharel em Ciências Sociais pela Universidade de Brasília, Mestre em Antropologia Social e doutorando em Ciências Sociais pelo Centro de Pesquisa e Pós-Graduação para as Américas e Caribe pela mesma instituição.
Os dois entrevistados estão entre outros que trazem grande diversidade de opiniões e visões de mundo para abordar o tema:
- Aldo Rebelo: ex-ministro da Defesa do Governo Dilma, relator do Código Florestal e notório representante do PCdoB;
- Alysson Paulineli: ex-ministro da Agricultura do Governo Geisel, responsável pela criação da Embrapa e indicado ao Prêmio Nobel da Paz;
- Damares Alves: ministra da Família do atual governo;
- Patrick Moore: co-fundador e ex-presidente do Greenpeace;
- Roberto Rodrigues: ex-ministro da Agricultura do Governo Lula, uma das maiores referências do Agro no mundo;
- Xico Graziano: ex-deputado federal pelo PSDB, engenheiro agrônomo e Mestre em Economia Agrária pela USP, Doutorado em Administração pela FGV, especialista e autor de diversas obras sobre o tema.
Além disso, foram ouvidas lideranças indígenas, fundadores de ONGs, jornalistas, entre muitos outros nomes importantes para um debate qualificado e plural.
2) Vocês checaram a veracidade das afirmações de Christian Lohbauer, especificamente “A Amazônia não está em chamas” e “a agricultura não é a causadora dos males da questão ambiental no Brasil”? Se sim, que pesquisas e/ou estudos sustentam tais afirmações de Lohbauer?
Sim. As diversas fontes das informações estão indicadas no próprio filme. Para facilitar seu trabalho, seguem algumas:
“A Amazônia não está em chamas”:
A porcentagem de floresta nativa da Amazônia no Brasil é de 82,1%.
Desmatamento 2004: 26 mil km²
Desmatamento 2017: 6,9 mil km²
http://redd.mma.gov.br/pt/noticias-principais/1018-taxa-de-desmatamento-na-
Trechos do documentário e fontes:
Aldo Rebelo: Olha aqui, lamentavelmente a desinformação é a mãe de todas as confusões sobre a Amazônia.
Christian Lohbauer: A gente tem que estudar geografia e história para começar essa conversa – não é? Se a gente pegar a Europa ocidental inteira, do ponto de vista da sua área, ela cabe no Brasil. Então começa daí a conversa. Então nós não estamos falando de dimensões que não são dimensões da Bélgica, nem da França Depois a gente está falando de muitos biomas diferentes: são, pelo menos, 6 biomas que o Brasil tem e muitos sub biomas e a agricultura se desenvolve bem em alguns deles.
Aldo Rebelo: No caso das queimadas, a queimada é um tipo de manejo da agricultura de baixa tecnologia. Queimadas legais, permitidas por lei. É um manejo da agricultura de baixa tecnologia, e na Amazônia muito mais. A Amazônia tem uma grande parte da sua agricultura de baixa tecnologia, de manejo primitivo, esse é o manejo dos índios, da coivara, de você queimar a terra para limpar a terra e plantar depois. O satélite que acompanha, que observa ele não faz distinção entre a queimada legal e ilegal, ele apenas registra um foco de fogo. Isso é uma queimada: você pode dizer ”olha isso aqui é legal e isso aqui é ilegal” ou você pode dizer que é tudo criminoso. Da mesma forma o desmatamento.
http://www.obt.inpe.br/OBT/assuntos/programas/amazonia/prodes
Nicholas Vital: O Brasil tem mais de 66% das matas nativas preservadas, dois terços do Brasil está preservado até hoje.
Roberto Rodrigues: 66% ainda são com floresta nativa do tempo de Adão e Eva.
Christian Lohbauer: Está exatamente como quando Pedro Álvares Cabral encontrou quando chegou. 66%, dois terços. Se você fizer a comparação com o continente europeu inteiro, ele tem 1% de como era de quando o Império Romano estava lá. Nos Estados Unidos, 19%. No Brasil, de novo, 66%.
Locução: Em 2016, um relatório do Programa Ambiental da ONU já apontava: metade da terra protegida na América Latina e Caribe, fica no Brasil, que é a maior rede de área terrestre protegida do mundo (1). Um relatório da OCDE afirma: ”O Brasil se tornou um dos maiores contribuintes no aumento de áreas sob proteção ambiental, entre 2003 e 2008, foi responsável por mais de 70% das novas áreas terrestres colocadas sob proteção” (2). E em todos os comparativos ambientais, o Brasil se sai melhor que os países que querem ensinar a conservar a natureza (3). O Brasil estava sendo sabotado economicamente, com a desculpa de proteger o meio ambiente.
- https://wdpa.s3.amazonaws.com/Protected_Planet_Reports/2445%20Global%20Protected%20Planet%202016_WEB.pdf (p. 32)
- https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/3204827/mod_folder/content/0/OECD%20Environmental%20Performance%20Review%20of%20Brazil%202015.pdf?forcedownload=1 (p. 232)
- https://data.worldbank.org/indicator/AG.LND.FRST.ZS?end=2020&locations=BR-RU-CA-US-CN-EU&start=2020&view=bar
https://data.worldbank.org/indicator/AG.LND.FRST.K2?end=2020&locations=RU-BR-CA-US-CN-EU&most_recent_value_desc=true&start=2020&view=bar
https://data.worldbank.org/indicator/ER.LND.PTLD.ZS?end=2018&locations=BR-CN-US-RU-CA-EU&start=2018&view=bar
“A agricultura não é a causadora dos males da questão ambiental no Brasil”:
Christian Lohbauer: Então, nós estamos falando aqui de tudo o que o Brasil produz é 9% do território. Estamos falando de soja, de milho, de café, de laranja, de cana, de algodão e assim por diante. De todas as frutas, de todos os legumes, de tudo.
Roberto Rodrigues: Todas as plantas cultivadas no Brasil. Todas! De alface a eucalipto, tudo o que se planta no Brasil ocupa 9% do território nacional, 9% do território nacional.
Christian Lohbauer: Você pega um país como a Holanda: tem mais de 60% do território ocupado por cultura agrícola. Você pega país como a Irlanda, como a Holanda ou a Alemanha: mais de 50%. Então, os Estados Unidos a gente já falou: 40%.
Aldo Rebelo: É isso que está às vésperas de um desmatamento, de uma savanização, como essas ONGs e pseudo-cientistas espalham por aí? Não, isso é uma coisa desonesta! Isso desautoriza, inclusive, as pessoas que usam essa expressão a serem porta vozes da proteção da Amazônia, porque isso é mentira. Como é que você vai transformar em savana um estado como o Amazonas que tem 97% de área de floresta? O Amapá, que tem 80% de área protegida por terra indígena e parque? Roraima que tem 70% de terra indígena ou de parque? Olhem no mapa.
3) Vocês checaram a veracidade da frase “as ONGs no Brasil plantam indígenas para colherem benefícios financeiros posteriores”, dita por Edward Luz? Se sim, que pesquisas e/ou estudos sustentam tal afirmação?
Sim. Mais uma vez, faremos o trabalho por vocês:
Trechos do documentário e fontes:
Locutor: Centenas de moradores são coagidos a fazer cadastro na FUNAI como se fossem índios para engrossar invasões de terra no sul da Bahia. Enquanto o Ministério da Justiça não dá a palavra final, mais de 100 propriedades já foram invadidas por grupos armados, liderados por caciques que se dizem índios Tupinambá. “Quem é o seu cacique?”. “O cacique é Babau”. “Como é o seu nome, meu amigo?”. “Osman”. “Essa arma então, essa 36 é a sua que você pegou na retomada?”. “Peguei na retomada”. “Certo, então é a arma que você pegou”. “Beleza, Osman. Você tem registro dela?”. “Não”. “Você tem porte dela?”. “Não”. “Então você está preso por porte ilegal de arma”. No início do mês um agricultor foi morto a tiros e teve a orelha cortada. Quatro suspeitos são procurados, entre eles, o cacique Cleíldo, mas até agora ninguém foi preso. Para aumentar o exército de invasores, os caciques fora-da-lei forjam o cadastro de não-índios. Vale tudo, inclusive cooptar os mais pobres. O Seu Clementino e a Dona Delza chegaram a passar alguns dias como se fossem Tupinambás. Esse agricultor conta que sete integrantes da família dele viraram índios, do dia para noite. “Ele preenche um cadastro e manda para a FUNAI. E a FUNAI (Rômulo) a gente foi para a FUNAI, chegou lá Rômulo, o administrador da FUNAI geral, assina no cadastro e diz que a gente é índio.” Seu José conta que os caciques ameaçam quem não se cadastra. Ameaçou a gente que, se a gente não se tornasse índio, que tomava a propriedade da gente. Depois que o escândalo dos registros falsos veio à tona, mais de 300 pessoas procuraram voluntariamente a FUNAI para se descadastrar. Procurada, a FUNAI disse que não tutela índios e que não vai comentar a denúncia.
Locutor: Em 2012, indígenas da tribo Munduruku venderam créditos de carbono referentes a terras na Amazônia, terras cuja área era 16 vezes maior que a da cidade de São Paulo, por 120 milhões de dólares (1). A Fundação Nacional do Índio registrou, ao menos, 36 contratos nos mesmos padrões, cobrindo uma área de 520.000 km², quase o tamanho total do estado da Bahia (2). A negociata foi descoberta, e o contrato foi cancelado. O que nos faz perguntar: quantos nunca chegaram a ser descobertos?
Locutor: A CPI da FUNAI pediu a quebra de sigilo da ONG Centro de Trabalho Indigenista e de seus antropólogos. A entidade foi acusada de receber financiamento internacional para demarcar terras em favorecimento de entidades estrangeiras em áreas onde não havia indícios de populações tradicionais.
Locutor: Nas conclusões do relatório da CPI da FUNAI, foi escrito que: ”enquanto todos sofrem, o discurso maniqueísta serve de cortina de fumaça para o ilícito e a má fé” (1). É comum que propriedades sejam invadidas por homens que afirmam ser indígenas sem nenhuma comprovação (2).
Locutor: As ONGs são entidades que trabalham no Brasil sem quase nenhuma fiscalização, com uma liberdade de ação que nenhum órgão oficial brasileiro tem:
Locutor: O Senado Federal já abriu duas CPIs para investigar repasses para essas organizações, uma em 2001, analisou a má aplicação de recursos em grupos ligados ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-terra, o MST. A outra, cinco anos depois, mostrou que entre 2000 e 2006, apenas o Ministério do Desenvolvimento Agrário já havia destinado 1 bilhão de reais a essas organizações. Em 2004, a revista Veja mostrou o caso Ágora, uma ONG desviou 900 mil reais dos cofres públicos graças à falta de controle. O dinheiro chegou a ser usado em campanhas eleitorais, O PCdoB indicava fornecedores e obtinha notas fiscais frias para justificar despesas (1). Em 2017, o Ministério Público do Estado do Amazonas identificou irregularidades em 41 instituições. Além de se constatarem desvios de recursos e corrupção, comprovou-se que algumas delas foram abertas apenas para receber verbas (2). A promotoria pediu a extinção de ONGs como o Instituto Novos Caminhos que entre 2014 e 2016 recebeu do governo estadual 549 milhões de reais, dos quais 40 milhões foram sem contrato. Alguns grupos, quando auditados, não prestavam contas há 16 anos (3).
- https://veja.abril.com.br/politica/ongs-o-caminho-facil-para-a-corrupcao/
- https://amazonasatual.com.br/mp-identifica-41-ongs-suspeitas-no-amazonas-algumas-criadas-apenas-para-desviar-dinheiro-publico/
- https://g1.globo.com/am/amazonas/noticia/mp-oferece-denuncia-a-justica-e-pede-extincao-do-instituto-novos-caminhos-no-am.ghtml
Locutor: As grandes ONGs internacionais já são indistinguíveis de grandes conglomerados empresariais. Essas ONGs são responsáveis por criar parques nacionais e unidades de conservação. Hoje, são mais de 100 mil áreas protegidas no mundo (1), cerca de 20 milhões de quilômetros quadrados (2), superfície equivalente a do continente africano estão sob a tutela dessas organizações. O Brasil se tornou um dos grandes criadores de unidades de conservação (3), principalmente a partir do projeto ARPA (4) (Programa Áreas Protegidas da Amazônia) proposto pela WWF.
- https://www.protectedplanet.net/en/thematic-areas/wdpa?tab=WDPA
- https://www.unep.org/pt-br/noticias-e-reportagens/comunicado-de-imprensa/mundo-cumpriu-meta-de-areas-protegidas-em-terra-mas
- https://data.worldbank.org/indicator/ER.LND.PTLD.ZS?end=2018&locations=BR-CN-US-RU-CA-EU&most_recent_value_desc=true&start=2018&view=bar
- http://arpa.mma.gov.br/oquee/
Locutor: Depois de ser prorrogada 4 vezes, a CPI das ONGs foi encerrada sem a votação do relatório final.
Fantástico: Quanto vale a Amazônia? E será que a investida de estrangeiros estaria colocando em risco a soberania nacional? O relatório levanta suspeitas sobre a atuação em áreas públicas da Amazônia de uma organização não governamental e tenta entender porque o diretor dessa ONG, um milionário sueco, comprou tantas terras na região. As terras no município de Manicoré e Itaquatiara somam 160 mil hectares, área maior que a cidade de São Paulo. As terras no município de Manicoré e Itaquatiara somam 160 mil hectares, área maior que a cidade de São Paulo. É que os negócios de Johan Eliasch no Brasil seriam feitos por meio de um fundo de investimentos que comprou terras da madeireira Guetau. O que dificulta a investigação da ABIN, é que a legislação de lá não permite a divulgação dos nomes dos sócios das empresas. Por que o senhor se interessou pela questão da floresta Amazônica? Sou uma pessoa que adora árvores e que sempre se preocupou com o desmatamento. Johan é um dos fundadores da ONG Cool Earth que atua na Amazônia e também é investigada pela ABIN. Pela internet a Cool Earth pede doações para preservar a floresta Amazônica. Em seu material de divulgação, a ONG mostra um homem que estaria sendo beneficiado pelo projeto. Ele fica surpreso ao ver a foto sendo usada pela ONG: “É o senhor mesmo?” “É, sou eu mesmo.” “O senhor já recebeu algum benefício dessa organização?” “Não. O pessoal da Suécia que você está falando? Nunca recebi nada.”
Fantástico: Qual a verdade por trás de tudo isso? Debaixo das nossas vistas a tentativa de se aproveitar das riquezas naturais da Amazônia (1), para tomar territórios brasileiros (2), para desviar dinheiro público em nome da causa ambiental (3) atacando a soberania nacional (4), a economia e a nossa imagem no exterior (5). Nenhuma dessas questões foi esclarecida, tão pouco noticiada com a importância devida.
(1), (2) e (4) https://www.youtube.com/watch?v=r3g5aKnnO4I
(3) https://veja.abril.com.br/politica/ongs-o-caminho-facil-para-a-corrupcao/
4) O documentário “Cortina de Fumaça” está monetizado pelo YouTube? Se sim, quanto faturou até hoje?
Não está monetizado, nem nunca esteve.