Foram 6.288 km² de floresta perdidos de agosto de 2023 a julho deste ano, em comparação aos 9.001 km² desmatados no mesmo período anterior, segundo dados do Prodes, sistema do Inpe que apresenta as taxas anuais de desmatamento.
O desmatamento na Amazônia apresentou uma queda de 30,6% neste ano, a maior dos últimos 15 anos, segundo dados do Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal por Satélite (Prodes), sistema do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) que apresenta as taxas anuais de desmatamento. Foram detectados 6.288 km² de perda de floresta entre agosto de 2023 e julho deste ano, contra 9.001 km² entre agosto de 2022 e julho do ano anterior.
A redução deste ano, em comparação com o Prodes de 2022, último ano do governo de Jair Bolsonaro (PL), quando a taxa de desmatamento foi de 11.594 km², foi de 46%.
Os dados foram divulgados no início da noite desta quarta-feira (6) no Palácio do Planalto, em Brasília. A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), Marina Silva, afirmou que, para alcançar esse resultado, os esforços foram conjuntos entre os órgãos federais e estaduais.
“Não existe um setor ou até mesmo um país que consiga fazer uma redução nessa magnitude num período tão curto de tempo como esse que nós estamos conseguindo. Eu concluo dizendo que política pública bem desenhada, instituições públicas bem estruturadas e uma postura republicana de deixar os técnicos trabalharem de dia com a ciência, faz a diferença”, afirmou a ministra.
O Pará lidera o desmatamento entre os estados da Amazônia Legal, com 2.362 km² desmatados, mas apresentou uma redução de 28% em comparação com o ano anterior, quando 3.299 km² foram destruídos.
Em segundo lugar está o Amazonas, com 1.143 km² de floresta perdidos, uma área 29% menor do que no período anterior (1.610 km²), seguido pelo Mato Grosso, com 1.124 km² desmatados e uma queda de 45%.
Bons resultados, mas seguimos…
O Observatório do Clima (OC), rede da sociedade civil que reúne 119 entidades, entre ONGs ambientalistas, institutos de pesquisa e movimentos sociais, afirmou que, apesar da queda, o país precisa avançar em políticas para alcançar a meta de zerar o desmatamento — uma das propostas do atual governo. O OC menciona o interesse do Ministério dos Transportes em asfaltar a BR-319, que liga o Amazonas a Rondônia, e a agenda ruralista no Congresso Federal, com projetos de lei e emendas que visam flexibilizar o licenciamento ambiental.
“O mundo precisa de um líder na agenda de clima, e o governo Lula tem todas as chances de assumir esse papel. Compromissos pelo fim do desmatamento e a eliminação do uso de combustíveis fósseis são o passaporte para essa liderança.”, afirma Marcio Astrini, secretário-executivo do Observatório do Clima.
Já segundo Mariana Napolitano, diretora de estratégia do WWF-Brasil, essa "queda significativa no desmatamento da Amazônia pelo terceiro ano consecutivo é, sem dúvida, uma boa notícia". No entanto, a organização ambientalista ressalta que 2024 foi um ano de diversas tragédias climáticas no Brasil, citando as queimadas no Pantanal e as enchentes no Rio Grande do Sul, defendendo uma recuperação das áreas da Amazônia como uma estratégia.
“A melhor ciência disponível já alerta que precisamos reflorestar parte do que foi destruído nas últimas décadas, especialmente no caso da Amazônia que caminha para o ponto de não retorno, perdendo sua capacidade de regeneração”, disse Napolitano.