Não há razões para celebrar a data que significa a proteção das florestas, dos rios e dos mares. Porém, uma aliança entre indígenas e seringueiros mostrou há 20 anos que é importante resistir.
Não há razões para celebrar a data que significa a proteção das florestas, dos rios e dos mares. Porém, uma aliança entre indígenas e seringueiros mostrou há 20 anos que é importante resistir.
Hoje, dia cinco de junho, se comemora o Dia do Meio Ambiente.
A data, criada pela ONU em 1974, sempre é um bom momento para falar sobre as florestas, os rios, a importância de preservar a qualidade ambiental para nosso bem estar e de outras espécies.
Porém este é um Dia do Meio Ambiente como nenhum outro já celebrado. Na verdade, existem poucas razões para celebrar.
A pandemia pelo qual todos estamos passando no planeta tem conexões diretas com a degradação ambiental em escala nunca vista.
Ainda assim, o Brasil não parece empenhado em interromper nenhuma coisa nem outra.
Ao mesmo tempo em que assumimos a primeira posição em número de mortes por Covid-19, o desmatamento da Amazônia vai batendo todos os recordes.
A grande ambientalista e primatologista Jane Goodall têm sido uma das vozes mais contundentes neste momento: “Esta enfermidade é resultado da maneira desrepeitosa como tratamos a natureza e as outras espécies”.
Vale a pena ler sua entrevista recentemente publicada no jornal britânico The Guardian.
Aqui no InfoAmazonia, neste momento de crise, nós também temos ouvido muitas histórias sobre a importância do respeito às nossas florestas.
Em uma entrevista exclusiva, o escritor David Quammen, fez um alerta: com o crescente desmatamento, nada impede que nova pandemia surja da Amazônia.
Por isso, algumas das nossas principais histórias neste momento mostram o avanço da Covid-19 na Amazônia, seja no Brasil ou na Colômbia, e outros países da região.
A lição da Aliança dos Povos da Floresta
Especialmente no Brasil, a situação se mostra mais ameaçadora, é preciso lembrar que existe uma história de resistência ao avanço da destruição ambiental.
Muito desta história é representada por união ocorrida no fim dos anos 80 entre o movimento dos povos indígenas e dos seringueiros e extrativistas da Amazônia.
Esta fusão de interesses foi batizada de Aliança dos Povos da Floresta. Seus idealizadores foram o líder indígena Ailton Krenak e seringueiro Chico Mendes.
Neste ano, em que se comemora oficialmente 20 anos desta aliança, o cineasta Thiago B Mendonça, autor de documentários e filmes premiados, lançou a série “Vozes da Floresta”, que foi ao Acre, Minas Gerais e ao Planalto Central para ouvir os principais protagonistas desta história.
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Série na web conta história da Aliança dos Povos da Floresta
As 14 entrevistas estão disponíveis no You Tube do Le Monde Diplomatique. Nós aqui, na InfoAmazonia, também publicamos algumas delas, como por exemplo, a entrevista de Ailton Krenak, que abriu a série.
Agora, nesta semana, o ciclo de entrevistas se conclui com depoimento de Raimundo Mendes de Barros, conhecido como Raimundão, uma das lideranças mais respeitadas e queridas entre os seringueiros e extrativistas.
“Raimundão é um sábio da floresta e fecha com seus pensamentos e memórias essa série, que se iniciou há mais de dois meses com Ailton Krenak. Começamos com um indío, encerramos com um seringueiro, fechando a roda dessa aliança que tanto nos ensina”, explica Mendonça.