Marcos Terena, pioneiro do movimento indígena no Brasil, é o terceiro entrevistado da web série “Vozes da Floresta”
Marcos Terena, pioneiro do movimento indígena no Brasil, é o terceiro entrevistado da web série “Vozes da Floresta – A Aliança dos Povos da Floresta de Chico Mendes aos nossos dias”
O primeiro “índio aviador”, como ele mesmo se define, Terena nasceu no Mato Grosso do Sul e ingressou na aeronáutica antes de fundar um grupo de 15 estudantes na Universidade Nacional de Brasília (UNB) que começou a reivindicar direitos aos povos indígenas.
Na entrevista, ele revela que a Funai à época, período da ditadura militar, tentou forçar este grupo a deixar a universidade. Ele também esteve entre os indígenas que estiveram na vanguarda da política brasileira. Chegou, sem ser eleito, a ser candidato ao Congresso da Constituinte em 1987.
Sobre os anos 80, Terena conta que atuou na articulação junto aos indígenas para consolidar a parceria com os seringueiros. A ideia lançada por Chico Mendes e Ailton Krenak tornaria-se a Aliança dos Povos da Floresta.
“Até ali, os seringueiros temiam os índios, e os índios tinham medo dos seringueiros; não era fácil”, lembra.
Segundo ele, foi o reconhecimento que o esforço de preservação das florestas iria beneficiar o modo de vida destes povos que gerou a união inédita. “Quando se percebeu que era para o nosso bem viver, isso gerou muita força.”
Ele também faz críticas ao governo Bolsonaro e o aparelhamento da Fundação Nacional do Índio (Funai)
“Vão tentar destruir a imagem dos indígenas. Vão tentar fazer com que as terras indígenas sejam uma fonte de gerar lucro. Toda a riqueza do homem branco gera pobres e gera ricos”, diz Marcos Terena
Mas ele garante ter esperança: “Indígena é potência de saberes. Seu conhecimento é a universidade do mundo”
Assista aqui a entrevista completa
Sobre a série
“Vozes Da Floresta – A Aliança dos Povos da Floresta de Chico Mendes a Nossos Dias” é uma série composta por entrevistas com lideranças indígenas, extrativistas e militantes refletindo sobre as lutas pela preservação das florestas e dos direitos dos povos que a habitam, lembrando o passado e o presente desta poderosa articulação entre indígenas e seringueiros.
Traz momentos importantes dessa história, que teve entre suas lideranças Chico Mendes, seringueiro que conseguiu projeção internacional nos anos 1980 discutindo a questão da preservação das florestas brasileiras, e que por sua luta foi covardemente assassinado a mando de fazendeiros em 1988.
Dirigida e roteirizada pelo cineasta e jornalista Thiago B. Mendonça, autor de diversos filmes premiados entre ficções e documentários como “Jovens Infelizes” (2016), “Entremundo” (2015), “Procura-se Irenice” (2015), “A guerra dos gibis” (2013) e “Piove, il film di Pio” (2012),a série foi produzida com o apoio do Rainforest Journalism Fund, em associação com o Centro Pulitzer. A produção é da Memória Viva, em parceria com o Le Monde Diplomatique e tem o apoio da InfoAmazonia e da Saci Filmes do Acre.