Sob Bolsonaro, invasões de terras indígenas superam 2018. De janeiro a setembro, Conselho Indigenista contabilizou 160 ataques, 51 a mais que em todo o ano passado.
Foto de abertura: Queimada nos limites da Terra Indígena Karipuna em Rondônia
Por Gustavo Faleiros e Fábio Nascimento
O mais recente balanço lançado pelo Conselho Indigenista Missionário, o Cimi, grupo que faz parte da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), mostra que ataques a terras indígenas, que já vinham aumentando nos últimos três anos, se intensificaram em 2019: em nove meses foram registrados 160 ataques, contra 109 em todo o ano de 2018.
De acordo com o relatório “Violência contra os Povos Indígenas do Brasil – Dados 2018”, divulgado na terça (24) em Brasília, entre 2017 e 2018 o número de ataques a essas áreas cresceu de 96 para 109. Mas devido à quantidade de registros já obtidos para este ano, o Cimi resolveu divulgar também dados preliminares. Os 160 casos de invasão registrados até agora afetaram 153 territórios em dezenove estados.
Veja entrevista com o presidente do CIMI, Dom Roque Paloschi, arcebispo de Porto Velho.
Os assassinatos de indígenas também vêm crescendo e registraram aumento em 2018, de acordo com o Cimi. Foram 135 casos no ano passado, contra 110 em 2017. A maioria dos casos ocorreu em Roraima (62) e Mato Grosso do Sul (38). Entre 1985 e 2018 foram registrados 1 119 assassinatos de indígenas. Os dados estão sistematizados na plataforma Cartografia de Ataques Contra Indígenas – Caci, um banco de dados com fichas descritivas de cada caso de homicídio ocorrido nos últimos 33 anos. O mapa revela que a situação dos Guarani Kaiowá no Mato Grosso do Sul é a mais dramática. Desde 1985 já ocorreram 450 casos dentro e nas proximidades do município de Dourados.
“Esses números mostram as consequências do discurso do presidente. Há um grande avanço das ocupações, as queimadas são um retrato disso”, afirmou o presidente do Cimi, dom Roque Paloschi, em entrevista na Cúria de Porto Velho (RO), onde é o arcebispo. Para ele, a diferença deste momento com os anos anteriores é a intensificação dos ataques.
Reportagem completa publicada em parceria com a revista piauí. Leia versão completa