Em 2005, ano em que iria concluir o curso de Jornalismo na Universidade Federal do Amazonas (Ufam), o então aluno Fred Santana assistiu a uma palestra que o deixou motivado a criar algo próprio: um site de notícias. Na época, ele estava terminando o Trabalho de Conclusão do Curso (TCC) e, apesar das pressões, decidiu plantar a semente do que viria a ser O Vocativo.
Hoje, O Vocativo é uma referência em reportagens sobre saúde, meio ambiente e política. A iniciativa evoluiu do incômodo sobre onde encontrar informações legitimadas por fontes que têm credibilidade. Desde outubro, o site é um dos parceiros da Rede Cidadã InfoAmazonia e já colaborou em matérias de grande repercussão, como as intituladas Remédios do SUS para combater malária entre os Yanomami foram desviados e são vendidos por garimpeiros ilegais na internet e Terras indígenas da Amazônia aguardam há mais de 20 anos por demarcação.
Neste novo episódio do podcast da Rede, os ouvintes podem conhecer a história desta mídia, que faz jornalismo independente de dentro da Amazônia.
“A minha ideia era ter um canal em que tivesse a chance de fazer jornalismo independente e com credibilidade na cidade onde nasci, Manaus, capital do Amazonas”, contou Fred. “Em 2008, coloquei no ar a primeira versão do site, que hoje conhecemos como O Vocativo. O nome tem origem no latim e significa ‘chamar’”, explica. “A ideia é que o site seja uma voz ativa dentro da sociedade e do jornalismo”, acrescentou.
Esse chamado ficou ainda mais forte depois que a pandemia de Covid-19 atingiu o Amazonas. Na época, Fred estava pensando em encerrar as atividades do site, mas acabou recebendo um chamado da própria vocação quando percebeu que, à medida que a situação se agravava, aumentava a necessidade de informações com credibilidade e produzidas por profissionais qualificados. Assim, Fred mudou a linha editorial d’O Vocativo.
Eu decidi, a partir de então, reformular a ideia do site e foquei um pouco mais em dois assuntos: ciência e política. A ciência, porque é através do método científico que a gente pode entender uma série de questões do nosso cotidiano como a saúde, o meio ambiente, a sustentabilidade, as mudanças climáticas e na ciência política, você consegue ter uma visão de mundo muito mais aprofundado. E esses dois assuntos me permitem trabalhar vários tipos de matérias
Fred Santana
Desde então, o veículo cresceu e ganhou reconhecimento nacional. Em junho do ano passado, conquistou o prêmio InfoVacina,da Agência Bori, na categoria Checagem, com o texto “Não há como vacinas criarem variantes do coronavírus, explicam cientistas”.
Para o futuro, Fred almeja a consolidação d’O Vocativo como uma referência de jornalismo local e continuar gerando impacto na realidade da Amazônia. “Eu gostaria muito que ele [o site] conseguisse atingir esse nível de sustentabilidade e, ao mesmo tempo, conseguisse contribuir com os debates que a gente tanto precisa que eles sejam feitos, como, por exemplo, na questão política local. Debater o quanto autoridades falharam nessa pandemia, o quanto a questão climática é importante. Eu gostaria que ele fosse um dos agentes desse debate”, contou.
Fred cita três referências de jornalismo local que também estão fazendo a diferença em Manaus: o site CineSet, que faz cobertura de cinema, a jornalista Larissa Balieiro, que cobre esportes e a Agência Amazônia Real, que também faz cobertura socioambiental.
Amazonas no Mapa das Mídias
O site O Vocativo faz parte do cenário da comunicação do Amazonas. O estado da região Norte tem 62 municípios e, de acordo com levantamento feito pela Rede Cidadã InfoAmazonia, o Amazonas é o estado que possui mais veículos de comunicação que pautam a agenda socioambiental, com 58 mídias mapeadas.
A Rede Cidadã InfoAmazonia estabeleceu parceria com vários veículos de comunicação da Amazônia brasileira com o objetivo de fortalecer a produção local, combater a desinformação socioambiental e estimular o aumento do alcance de público destes veículos.
Entre os parceiros estão: Comitê Chico Mendes (Acre), Agência Tambor (Maranhão), Tapajós de Fato (Pará) e Agência Experimental de Comunicação (AGCOM) da Universidade Federal do Amapá (Unifap).