Foi tecida uma complexa rede de atores em torno dos minerais críticos da Amazônia. Alguns operam em corredores fluviais disputados, negociando com organizações guerrilheiras e forças da ordem corruptas. Outros, sob uma fachada de legalidade, movimentam grandes quantidades de material através de enormes cidades portuárias conectadas às rotas do comércio internacional, em uma série de operações que põem em risco o meio ambiente e a soberania dos países.
Bram Ebus é um jornalista freelancer, investigador e fotógrafo holandês que vive em Bogotá, Colômbia. Tem mestrado em criminologia global e fez pesquisas para think tanks e ONGs. Ebus tem ampla experiência de campo na América Latina e tem um forte foco em conflitos socioambientais e crimes. Como jornalista, teve seu trabalho publicado em inglês, holandês e espanhol. Seus textos foram publicados no Miami Herald, The Guardian, Newsweek e outros. Desde 2017, Ebus tem coberto conflitos de mineração na Venezuela para a InfoAmazonia e foi o principal jornalista de três investigações de mídia colaborativa que ganharam vários prêmios, incluindo dois Online Journalism Awards e um Prêmio Gabo.
A oportunidade de Chorrobocón: a aposta nos minerais críticos
Nas florestas colombianas, onde o verde profundo da Amazônia se choca com a pobreza e a marginalização, prospera um negócio oculto e perigoso. Nos recantos remotos de Guainía, comunidades indígenas como os Puinave estão presas ao garimpo ilegal, uma atividade que lhes permite sobreviver, mas ameaça destruir a terra que habitam. Com o declínio do ouro, os minerais estratégicos surgem como uma promessa de futuro. No entanto, essa nova corrida por minérios, que promete ser menos poluente que a mineração de ouro, pode acarretar enormes riscos ambientais e sociais.
O preço do progresso: o lado sombrio dos minerais críticos na Amazônia
A partir de extenso trabalho de campo e da investigação das cadeias de fornecimento, rastreando minerais desde a extração até compradores internacionais, revelamos como a corrida global pelos insumos da transição energética intensifica disputas violentas na fronteira colombo-venezuelana, onde grupos armados controlam o território, praticam abusos sistemáticos e destroem um dos principais sumidouros de carbono do planeta.
O Estado da coca
Quatro caminhonetes brancas sem identificação correm por uma paisagem de plantações verdes brilhantes, passando por lamaçais em estradas sinuosas no meio da floresta. Ao fazer uma curva acentuada, o comboio atrai olhares preocupados de uma família inteira reunida em uma casa de madeira decorada com serpentinas de aniversário – o clima de festa é repentinamente abalado. As motocicletas param bruscamente e as crianças ao longo da estrada observam com olhos arregalados e temerosos.
Na Venezuela, guerrilheiros colombianos recrutam jovens indígenas
Ao longo da fronteira com a Venezuela, os guerrilheiros colombianos atraem jovens indígenas desempregados para o tráfico de drogas, extorsões e conflitos armados.
Dragas: ouro estimula crime e corrupção na fronteira Brasil-Colômbia
Os garimpeiros que dragam milhões de dólares em ouro do rio Puruê, no Brasil, devastam o meio ambiente e atraem grupos armados.
Garimpeiros retiram equipamentos e escapam de megaoperação no Amazonas
Imagens de satélite mostram que interrupção da exploração altera imediatamente a cor do rio. Operadores de dragas, que custam até R$ 7 milhões, dizem aguardar fim da operação para retornar ao local