O PL garantiu quatro candidatos no segundo turno nas capitais e já elegeu Tião Bocalom como prefeito de Rio Branco. No campo progressista, há apenas um candidato do PT, Lúdio, que segue na disputa por Cuiabá. Em Belém, o atual prefeito Edmilson Rodrigues, do PSOL, não se reelegeu, deixando a disputa entre Igor, candidato do MDB e apadrinhado de Helder Barbalho, e Delegado Éder Mauro, do PL, um bolsonarista de carteirinha.
Se em algum momento os ventos à esquerda sopraram pelas capitais da Amazônia, eles definitivamente viraram à direita nesta eleição municipal. Vamos começar pelos quatro prefeitos já eleitos no primeiro turno entre as nove capitais da Amazônia Legal: Tião Bocalom, do PL, em Rio Branco; Dr. Furlan, do MDB, em Macapá; Arthur Henrique, do MDB, em Boa Vista; e Eduardo Braide, do PSD, em São Luís.
Capitais com prefeitos eleitos no primeiro turno:
- RIO BRANCO
Tião Bocalom (PL)
- MACAPÁ
Dr Furlan (MDB)
- BOA VISTA
Arthur Henrique (MDB)
- SÃO LUÍS
Eduardo Braide (PSD)
Capitais com decisão apenas no segundo turno:
- MANAUS
David Almeida (Avante)
Capitão Alberto Neto (PL)
- PALMAS
Janad Valcari (PL)
Eduardo Siqueira Campos (Podemos)
- PORTO VELHO
Mariana Carvalho (União Brasil)
Léo (Podemos)
- BELÉM
Igor (MDB)
Delegado Eder Mauro (PL)
- CUIABÁ
Abilio (PL)
Lúdio (PT)
O MDB, representante tradicional do centrão, já começou elegendo dois candidatos às capitais (Macapá e Boa Vista), além de outros 160 prefeitos pela Amazônia. É o segundo partido com o maior número de prefeitos eleitos no primeiro turno, atrás apenas do União Brasil, que conquistou 188. O MDB ainda tem um nome forte no segundo turno em Belém: Igor Normando, apoiado por Helder Barbalho, governador do estado. A expectativa é que os eleitores progressistas da capital paraense passem a apoiar Igor em um movimento contra o outro candidato, o delegado Éder Mauro, do PL, bolsonarista declarado que se define como um político “antiesquerda” e defensor da bancada da bala.
Inclusive, o Partido Liberal (PL), o atual de Jair Bolsonaro, é o que mais se destaca entre as capitais, com quatro candidatos no segundo turno e a reeleição garantida neste domingo de Tião Bocalom, em Rio Branco, que destinou apenas 1,3% da receita à gestão ambiental durante seu mandato. Tião Bocalom é um forte defensor da agropecuária e da mineração na Amazônia. Em seu plano de governo, ele destaca que investiu R$ 250 milhões na agropecuária nos últimos quatro anos, valor quase cinco vezes maior do que o destinado ao meio ambiente. Apesar desse destaque entre as capitais, o PL ficou atrás do MDB nos municípios da Amazônia Legal, com 81 candidatos eleitos no primeiro turno para as prefeituras.
Em Manaus, a disputa segue em aberto. No segundo turno, o eleitor deverá escolher entre o atual prefeito David Almeida, do Avante, e o capitão Alberto Neto, do PL. Como já explicou o Vocativo, esse resultado contrariou as pesquisas de opinião pública, que apontavam como favorito para o segundo turno o candidato Roberto Cidade, do União Brasil, aliado do atual governador Wilson Lima e presidente da Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam).
Almeida conseguiu investir em Manaus uma porcentagem menor do orçamento para o meio ambiente do que Tião Bocalom investiu em Rio Branco. Ele destinou apenas 0,25% da receita (R$ 74,6 milhões) para a área ambiental desde o início do mandato, em janeiro de 2021. Ao mesmo tempo, liberou R$ 93 milhões somente neste ano para o Programa Mais Agro, voltado ao agronegócio.
A outra opção para o eleitor de Manaus que deseja votar em prol do meio ambiente também não é fácil. O bolsonarista capitão Alberto Neto, do PL, é deputado federal pelo Amazonas desde 2019 e, segundo o Ruralômetro, ferramenta da Repórter Brasil que avalia a posição dos congressistas em questões ligadas à pauta ambiental e de trabalhadores rurais, ele tem “febre ruralista”. Entre 20 projetos de lei votados no mandato de 2019 a 2022, ele se posicionou contra o meio ambiente em 15 e a favor em apenas 5.
E a esquerda? Até agora, a situação está difícil. O PT elegeu apenas nove prefeitos no primeiro turno na Amazônia Legal. Vale lembrar que mais de 80% dos municípios da região têm menos de 50 mil eleitores, ou seja, a maioria das eleições já foi decidida. O PSOL tinha a chance de reeleger Edmilson Rodrigues como prefeito de Belém, mas ele recebeu menos de 10% dos votos. Entre as capitais dos nove estados, apenas Cuiabá terá um segundo turno com um partido originalmente de esquerda: Lúdio, do PT, recebeu 28,3% dos votos e enfrentará Abílio, do PL, que foi o líder no primeiro turno, com 39,6%.
Como eu disse, os ventos sopram fortemente à direita.