A Agência Tambor surgiu em 2017 com um único propósito: fazer jornalismo em defesa da democracia. Esse é o direcionamento de toda a linha editorial e dos conteúdos produzidos pela agência. Todos os dias, um programa ao vivo vai ao ar no canal do Youtube, dando visibilidade a situações que envolvem povos tradicionais, remanescentes e indígenas do estado, muitas vezes ignoradas pela imprensa nacional. O veículo é tema deste episódio do podcast da Rede Cidadã InfoAmazonia.
O jornalista Emílio Azevedo é fundador e um dos editores da agência. O veículo nasceu com apoio das rádios comunitárias do estado e comunicadores que atuavam no jornal impresso Vias de Fato. Eles adaptaram o conteúdo que já produziam no impresso para os formatos em rádio e audiovisual. Emílio concedeu entrevista à Rede Cidadã e fez análises sobre a situação dos conflitos no Maranhão e a cobertura jornalística no estado.
“O Maranhão é um estado muito pobre, onde nossa economia é tocada por enclaves econômicos, o agronegócio e a mineração. Esse pessoal não tem relação com o estado. O Maranhão é apenas um lugar de exploração, é um lugar como se fosse um parasita em cima de um corpo, é assim que esses grandes empreendimentos agem no Maranhão”, disse o jornalista.
Há anos a InfoAmazonia publica reportagens sobre as violações de direitos humanos que afetam a vida dos mais vulneráveis no Maranhão. Para se ter ideia da intensidade da violência nos conflitos, de setembro de 2022 a fevereiro de 2023, ao menos dez indígenas foram assassinados em territórios no estado.
A Agência Tambor, como mídia contra-hegemônica, independente e local, acompanha essas situações de perto, usando de narrativas do ponto de vista das populações afetadas para mostrar seu posicionamento.
O jornalista Emílio Azevedo cita neste episódio a cobertura dos últimos meses. Em setembro, a agência já publicava matérias dando repercussão aos casos de violência, como na reportagem “Impunidade e racismo! Aumenta o assassinato de indígenas no Maranhão”.
São constantes as matérias em que os jornalistas da agência fazem denúncias de violações de direitos humanos e defendem a democracia. Em fevereiro de 2022, por exemplo, publicaram a reportagem “Brasil que não queremos! Cresce a violência contra negros, mulheres, LGBTs e indígenas”.
O Maranhão tem 217 municípios e 181 deles fazem parte da Amazônia Legal. “Além dessa influência negra, a gente também tem essa influência indígena. Se você for às diferentes regiões do Maranhão, mas principalmente da metade do estado caminhando para o Pará, você vai perceber isso com mais força ainda. O nosso chamado caboclo, né? Ele é bastante indígena”, explica Azevedo.
Mídias na Amazônia Maranhense
De acordo com o Mapa Vivo de Mídias da Amazônia, o Maranhão tem 34 veículos que fazem cobertura socioambiental, mas apenas 9% possuem editoria voltada para a Amazônia ou meio ambiente. O Mapa continua em construção e foi produzido pela Rede Cidadã InfoAmazonia. É a partir dele que a InfoAmazonia registra, mapeia e conta a história dos veículos na Amazônia legal. Outros veículos que também foram mapeados e hoje são parceiros da Rede Cidadã são: Tapajós de Fato, O Vocativo, Carta Amazônia, AGCOM.
O roteiro e apresentação deste episódio são da jornalista Jullie Pereira, com apoio da Report For The World, iniciativa da Ground Truth. A edição é de Izabel Santos e a produção de áudio é de Carlos Paes. Este conteúdo faz parte do projeto Rede Cidadã InfoAmazonia, iniciativa para criar e distribuir conteúdos socioambientais produzidos na Amazônia.