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Quem paga a conta? China, EUA e Índia concentram quase metade das emissões globais

Começa COP, termina COP, e o debate se repete: qual será o financiamento climático para os países que já sentem os impactos das mudanças do clima? Três países respondem por 45% das emissões globais — China, Estados Unidos e Índia. Daí surge a pressão por uma fatura dividida de forma correta e, principalmente, justa.

Se as Conferências das Partes (COPs) são como grandes reuniões de condomínio do planeta, uma das principais brigas entre os donos dos apartamentos — os países-membros da Organização das Nações Unidas (ONU) — é sobre de quem é a responsabilidade pela conta. Ou melhor, sobre como dividir essa fatura que só cresce.

O problema do prédio chamado Terra é grande: está “vazando muito CO2”. A questão é que nem todos os países-membros estão liberando a mesma quantidade. Quem já teve que rachar conta de água com família grande entende bem.

Estados Unidos, China e Índia são líderes mundiais nas emissões de carbono e, juntos, respondem por 45% dos gases de efeito estufa contabilizados entre todos os países-membros da ONU. O trio soma uma população de 3,18 bilhões de habitantes, contra 2,9 bilhões na África, Europa e Américas (sem os EUA) — 9% a mais. No entanto, suas emissões ultrapassam essa diferença: os três poluem 40% mais do que os outros vizinhos de condomínio.

Assim surge a discussão: todos devem pagar a conta do mesmo jeito? E, mais que isso, quando um pequeno país, como uma ilha qualquer do Pacífico que começa a desaparecer, emite uma quantidade irrisória de carbono, quem deve arcar com os custos disso?

Além disso, há uma camada que vai além da responsabilidade: a vulnerabilidade. Dentro de cada país, independentemente de quem emitiu mais ou menos, existem populações mais ou menos expostas aos eventos extremos. No Brasil, por exemplo, as favelas urbanas da Amazônia e as populações negras têm maior probabilidade de enfrentar eventos hidrogeológicos, como enchentes, inundações e deslizamentos.

COP EM MAPAS

Este é um dos episódios da série COP em Mapas da InfoAmazonia que traz dados sobre a COP30. Veja mais mapas que explicam o clima e a COP aqui.

Nesta 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), e em muitas outras, essas questões perpassam todos os dias da conferência. O chamado “Mapa do Caminho de Baku a Belém” nada mais é do que um plano de como conseguir chegar à cifra para que países desenvolvidos consigam pagar a conta pelo clima. 

Já o Objetivo Global de Adaptação, previsto no Artigo 7 do Acordo de Paris, que pretende estabelecer métricas que permitam aos países se tornarem mais resilientes, ainda está na fase de definição de indicadores. A COP30 pretende estabelecer esses critérios e, assim, captar recursos para se adaptar a um problema que já está em curso — especialmente os mais afetados e as populações mais vulneráveis. Há ainda o Fundo Florestas para Sempre (TFFF), um outro tipo de financiamento, que busca valorizar quem faz o oposto dos grandes emissores: proteger o planeta mantendo a floresta em pé.

Uma série de mecanismos vem sendo discutida para tentar chegar a esse denominador comum: quem deve pagar a conta? Quanto? Um dos grandes emissores, porém, já deixou a “reunião de condomínio” chamada COP — os Estados Unidos — mas continua emitindo carbono como poucos.

Sobre o autor
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Carolina Dantas

Carolina Dantas é editora da InfoAmazonia e jornalista ambiental desde 2015. Anteriormente, trabalhou na Folha de S.Paulo, Globo e Grupo RBS. Em 2022, recebeu o título de alumni do Departamento de Estado...

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Carolina Passos

Graduada em Arquitetura e Urbanismo pela USP, faz parte da Unidade de Geojornalismo da InfoAmazonia. Trabalha com análise de dados geoespaciais, experimentações cartográficas e visuais em projetos...

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Renata Hirota

Jornalista e estatística, faz parte da Unidade de Geojornalismo da InfoAmazonia. Trabalha com jornalismo de dados desde 2017, analisando dados ambientais, sobre política e tecnologia.


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