Nesta sexta-feira (7), segundo dia da Cúpula dos Povos, o presidente Lula (PT) retomou o assunto em uma sessão temática sobre transição energética e defendeu a criação de um Mapa do Caminho para acabar com a dependência dos combustíveis fósseis.
Menos de um mês após anunciar a licença para exploração de petróleo na Foz do Amazonas, o governo brasileiro busca um novo protagonismo na COP30: a construção de uma agenda para o fim dos combustíveis fósseis.
À InfoAmazonia, o secretário-executivo do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), João Paulo Capobianco, disse que a pasta trabalha com a possibilidade da criação de um Mapa do Caminho (como um Roadmap, em inglês), que começará em Belém, e “atravessará os próximos meses, as próximas COPs, até estar maduro e ser definido”.
“Em Dubai [COP28], isso entrou como um objetivo, que é fazer a transição para o fim dos combustíveis fósseis. Agora, temos que começar a trabalhar nisso, unindo países que estão dispostos e interessados em montar esse esforço. Esse Mapa do Caminho [para o fim dos combustíveis fósseis] será resultado de um processo”, afirmou Capobianco.
Temos que começar a trabalhar nisso, unindo países que estão dispostos e interessados em montar esse esforço. Esse Mapa do Caminho [para o fim dos combustíveis fósseis] será resultado de um processo.
João Paulo Capobianco, secretário-executivo do MMA
A criação de um mapa com metas claras para os países signatários tem sido defendida pela gestão da ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), Marina Silva. Agora, surge como uma possibilidade concreta de ser incluída como um dos resultados da COP30.
Nesta quinta-feira (6), no discurso de abertura da Cúpula de Líderes, reunião entre autoridades que antecede oficialmente a COP30, em Belém, Lula (PT) defendeu o estabelecimento de metas para o fim dos combustíveis fósseis, sendo aplaudido por parte dos presentes.
O presidente citou as contradições do modelo baseado na exploração de combustíveis fósseis. Apesar de não fazer uma referência direta à exploração da bacia da Foz do Amazonas, Lula afirmou que “interesses egoístas imediatos preponderam sobre o bem comum de longo prazo”.
“Estou convencido de que, apesar das nossas dificuldades e contradições, precisamos de Mapas do Caminho para, de forma justa e planejada, reverter o desmatamento, superar a dependência dos combustíveis fósseis e mobilizar os recursos necessários para esses objetivos”, discursou Lula que, depois, foi aplaudido pelos chefes de Estado.
Já nesta sexta-feira (7), segundo dia da Cúpula, o presidente aprofundou o discurso durante uma sessão temática sobre transição energética. Ele defendeu que a COP30 estabeleça o “Mapa do Caminho claro para acabar com essa dependência [aos combustíveis fósseis]”, em referência ao acordo firmado em Dubai, na COP28, que prevê triplicar o uso de energias renováveis até 2030.
Capobianco explica que o Mapa para a saída dos combustíveis fósseis segue um modelo semelhante ao discutido há poucos dias: o chamado Mapa do Caminho Baku Belém até 1,3 trilhão, que busca alternativas para ampliar o financiamento climático. O relatório, com 75 páginas, foi lançado oficialmente seis dias após a data inicialmente prevista (30 de outubro) e é resultado da nova meta definida na COP29 — a chamada NCQG —, que estabelece as diretrizes para o financiamento climático a partir de 2026.
Imagem de abertura: João Paulo Capobianco, secretário-executivo do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), na quinta-feira (6), durante a Cúpula de Líderes em Belém. Foto: Luis Ushirobira/InfoAmazonia
