No Brasil, foram 2,3 bilhões de toneladas de CO2 equivalente emitidos no ano passado, sendo que 1,1 bilhão de toneladas foi liberado pelos nove estados da Amazônia Legal.
As emissões de gás carbônico equivalente (CO2e) dos nove estados da Amazônia Legal representaram 49% das emissões do Brasil em 2023, com 1,1 bilhão de toneladas de CO2e liberados, dentre as 2,3 bilhões de toneladas do país, de acordo com os dados do Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SEEG), divulgados nesta quinta-feira (7).
Os estados do Pará e Mato Grosso lideram as emissões do ano passado na região, com 312 milhões de toneladas de CO₂e e 299 milhões de toneladas, respectivamente. Em seguida, vem o Maranhão, com 173 milhões de toneladas, e Rondônia, com 100 milhões de toneladas.
Os setores
O monitoramento do SEEG é feito pelo Observatório do Clima, rede da sociedade civil que reúne 119 entidades, entre ONGs ambientalistas, institutos de pesquisa e movimentos sociais. Ele divide as emissões de gases de efeito estufa em cinco setores: mudança de uso da terra e florestas, agropecuária, energia, resíduos e processos industriais e uso de produtos. O desmatamento está incluído no primeiro deles e, em 2023, em todo o país, representou 1 bilhão de toneladas de CO2e emitidas, das quais 678 milhões de toneladas foram geradas apenas na Amazônia (67,8%).
Isoladamente, o setor de mudança de uso da terra registrou uma queda de 24% nas emissões em relação a 2022, resultado que é um reflexo da diminuição do desmatamento nos últimos anos. Essa redução impulsionou a maior queda nas emissões totais de gases de efeito estufa no Brasil nos últimos 15 anos, com uma redução de 12% em 2023, passando de 2,6 bilhões de toneladas, para as 2,3 bilhões de toneladas no ano passado.
Dentre os outros setores, a agropecuária é o segundo com a maior taxa de emissão, totalizando 631 milhões de toneladas de CO₂e, o que representa 28% do total liberado pelo país. Em seguida, estão os setores de energia, com 420 milhões de toneladas, resíduos, com 92 milhões de toneladas, e processos industriais, com 91 milhões de toneladas.
Metas climáticas
A meta climática do Brasil é reduzir as emissões para 1,32 bilhão de toneladas de CO₂e em 2025 e 1,2 bilhão de toneladas em 2030. Até fevereiro do próximo ano, o país e outras 167 nações devem anunciar novas metas para contribuir com o objetivo global de limitar o aquecimento médio da Terra a 1,5ºC.
Os países precisam estabelecer metas que reduzam as emissões em 42%, mas as propostas até 2030 estão longe desse objetivo. De acordo com a OC, caso todas as metas sejam implementadas, a redução alcançada seria de apenas 5,9%. No ranking dos maiores emissores, o Brasil ocupa o quinto lugar mundial.
Em agosto, a OC propôs que o Brasil corte 92% de suas emissões até 2035 para contribuir de forma justa com a meta global. Isso significa uma emissão de 200 milhões de toneladas de CO₂e.
“A queda nas emissões em 2023 certamente é uma boa notícia, e põe o país na direção certa para cumprir sua NDC [Contribuição Nacionalmente Determinada], o plano climático nacional, para 2025. Ao mesmo tempo, mostra que ainda estamos excessivamente dependentes do que acontece na Amazônia, já que as políticas para os outros setores são tímidas ou inexistentes. Isso vai ter de mudar na nova NDC”, diz David Tsai, coordenador do SEEG.