Dados referentes ao ano de 2019 mostram que conflitos passaram de 1.489 (2018) para 1.833 (2019) – um crescimento de 23%.

Dados referentes ao ano de 2019 mostram que conflitos passaram de 1.489 (2018) para 1.833 (2019) – um crescimento de 23%.

Foto de abertura: Dos 32 assassinatos registrados, nove foram de indígenas, o maior número nos últimos anos. Marcha realizada em novembro de 2019 em Brasília cobra fim dos assassinatos de lideranças. Foto Tiago Miotto/Cimi

Por Aldem Bourscheit

Segundo o novo relatório anual da Comissão Pastoral da Terra (CPT), a violência no campo explodiu desde que Bolsonaro chegou ao poder, alcançando a maior taxa nos últimos 15 anos de registros. Conflitos por terras, água e questões trabalhistas passaram de 1.489 (2018) para 1.833 (2019) – um crescimento de 23%. A média foi de cinco embates diários no ano passado.

Sete em cada dez conflitos (1.254) apontados pela Comissão envolvem disputas por terras, entre latifundiários, fazendeiros, posseiros e indígenas, quilombolas e pequenos produtores. A Amazônia é o grande palco de violência no meio rural, com 60% dos conflitos por terras, mais de oito em cada dez assassinatos e casos onde famílias tiveram suas moradas ou território invadidos, e mais de 70% das tentativas de assassinato e de ameaças de morte.

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No país todo, homicídios (14%), tentativas de assassinato (7%) e ameaças de morte (21%) também cresceram desde janeiro de 2019. Quase metade das vítimas registradas eram lideranças em suas comunidades, assentamentos ou aldeias. Indígenas são os mais afetados, seguidos por sem-terra e assentados. Uma em cada 3 famílias disputando terras é indígena. De 32 assassinatos listados no passado, 9 foram de indígenas – o maior número dos últimos anos.

“2019 foi um ano de deslegitimação de movimentos sociais, de rompimento democrático e constitucional com reflexos perversos para povos tradicionais e indígenas. A Amazônia é vítima de uma guerra, com explosão do desmatamento, das queimadas e da violência no campo. O governo age para que os mercados assumam o controle de terras indígenas e de áreas de preservação ambiental”, ressaltou Paulo César Moreira, da coordenação nacional da CPT.

Lideranças indígenas do Pará e Amapá marcharam em novembro de 2019 pela Esplanada dos Ministérios, em Brasília, até o Ministério da Justiça, denunciando as invasões a seus territórios e os recentes assassinatos do guardião da floresta da Terra Indígena Arariboia, Paulo Paulino Guajajara Foto Tiago Miotto/Cimi

A entidade divulgou seu relatório de conflitos no campo em 2019 no dia em que o massacre de Eldorado de Carajás (PA) completa 24 anos de impunidade. No episódio, 19 sem-terra foram assassinados e mais de 60 pessoas acabaram feridas. Dos 144 policiais que participaram do ataque, apenas 2 foram condenados. O governador do estado, Almir Gabriel, e o secretário de Segurança Pública, Paulo Sette Câmara, nunca foram processados.

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