O projeto Global Forest Change, desenvolvido por Matthew Hansen, da Universidade de Maryland, monitora as florestas usando algoritmos para distinguir mudanças na cobertura florestal através de imagens de satélite.
Monitorar o estado das florestas do mundo é uma tarefa monumental, com desafios na coleta de dados, sua interpretação e visualização. O projeto Global Forest Change (GFC), desenvolvido pelo professor Matthew Hansen, da Universidade de Maryland, aborda esse problema usando algoritmos para distinguir mudanças na cobertura florestal através de imagens de satélite.
A partir destes dados, o GFC é capaz de exibir as tendências de desmatamento ao longo do tempo. Hansen, um cientista de sensoriamento remoto, com especialização em mapeamento de mudanças no uso do solo, também tem contribuído para outros projetos de vigilância das florestas, como o Global Forest Watch, um monitor online interativo. Para as práticas jornalísticas, em especial o geojornalismo, o trabalho de Hansen fornece mapas altamente detalhados. Esta informação é especialmente importante em lugares onde as florestas estão em risco.
Aqui no InfoAmazonia, estamos contentes em anunciar a integração de dados do sistema GFC em nossa plataforma de mapas.
Leia abaixo a entrevista com o professor Matt Hansen sobre os aspectos e implicações do seu trabalho.
O Global Forest Change exibe um mapa com dados sobre cobertura florestal, perda e ganho em anos diferentes. Como foi o processo de criação do GFC?
MH: Bem, você tem que ter realmente boas imagens de satélite, como as que temos da NASA e do USGS (Serviço Geológico Americano). As imagens provêm do Landsat, que é um satélite muito bem projetado e que fornece imagens de séries temporais da Terra. Com esse material fazemos um bom processamento de dados, onde extraímos informações temáticas como onde se vê árvores e onde não e qual a quantidade de perda e ganho de cobertura florestal.
O tipo de conhecimento que você precisa? Bem, você precisa ser um geógrafo, tem que saber algo sobre ciência ambiental, tem que ser capaz de interpretar imagens, imagens do processo de mudança, fazer alguma programação, ser bom em matemática e estatística, por isso é um conjunto de habilidades muito interdisciplinar .
Mas no final, o satélite está registrando uma imagem muito semelhante à maneira como os nossos olhos vêem o mundo. Sabemos que se trata de uma floresta porque vemos um certo padrão e esse processo é muito semelhante para o satélite. Por isso, tentamos treinar um algoritmo para identificar árvores e depois treiná-lo para ver quando as árvores se foram e quando elas voltam a crescer
De que maneira o GFC se diferencia de outros sistemas e quais as contribuições que é capaz de fornecer ao monitoramento?
MH: Ele é o primeiro [sistema de monitoramento da floresta] com resolução de 30 metros. Nós dividimos o mundo em 30 metros quadrados, então você está em uma escala na qual os humanos agem sobre as paisagens. Então, quando há desmatamento, nós conseguimos vê-lo de forma muito clara.. Conseguimos o primeiro registro da mudança global do uso da terra com boa resolução espacial durante quatorze anos. Vamos processá-lo todos os anos avançando e vamos desenvolver tendências para mostrar a maneira como as coisas estão progredindo. Vamos ver se as taxas de desmatamento estão subindoou se os padrões de reflorestamento estão mudando. Há tantas histórias surpreendentes diferentes sobre florestas a nível mundial e nesta resolução espacial, que este produto nos ajuda a rastrear e quantificar essas histórias.