Pesquisadores do Instituto Mamirauá capturaram duas onças que irão integrar a iniciativa de monitoramento e estudo dos felinos na Amazônia. A surpresa, entretanto, foi constatar um bebê onça.
Duas novas onças-pintadas, um macho e uma fêmea em gestação, foram capturadas na Amazônia pela equipe do Instituto Mamirauá e inseridas no programa de monitoramento desenvolvido pela organização desde 2008. Os animais receberam colares de GPS que permitem seu rastreamento e o acompanhamento da sua movimentação. No momento, junto com o recém inserido casal, os pesquisadores monitoram diariamente um total de cinco onças pela floresta na Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá, no Amazonas.
De acordo com a equipe do projeto, que está sempre acompanhada de um médico veterinário nas incursões de captura, ambas as onças estavam em boas condições de saúde. Django e Fofa – como foram chamadas – passaram por pesagens, medições e exames para atestar seu estado clínico. A grande surpresa foi a descoberta da gravidez de Fofa, que, de acordo com a veterinária do Instituto, Louise Maranhão, é um indicativo de que o ambiente é favorável para a sobrevivência e reprodução da espécie.
O líder do Grupo de Pesquisa Ecologia e Conservação de Felinos na Amazônia do Instituto Mamirauá, Emiliano Ramalho, explica a importância do monitoramento dos animais via GPS: “O colar permite que a gente siga os bichos e saiba onde eles estão todos os dias. Esse acompanhamento das onças ajuda a identificar quais as áreas de vida que utilizam e isso permite termos uma ideia do tamanho de áreas de conservação que a gente precisa ter”. Ainda segundo ele, a Reserva Mamirauá é uma das áreas com maior densidade de onças do mundo, em uma estimativa de mais de dez onças a cada 100 km², o que revelaria o potencial de biodiversidade das várzeas. “As áreas têm variado muito em relação ao ambiente. Na várzea, estamos vendo que a ecologia da onça é muito peculiar, porque ela precisa ficar em cima da árvore, sem chão, por parte do ano”, completa Emiliano.
O monitoramento por GPS, que ajuda a entender essa “sociabilidade dos bichos”, com explica o pesquisador, é feito através de colares munidos com um sistema que se desarma sozinho quando a bateria acaba e envia uma frequência de rádio que permite encontrar os felinos e a reutilização dos colares. Esse acompanhamento dura até dois anos. Na captura os animais também são fotografados, método que auxilia a identificação dos animais, feita a partir da análise do padrão de pintas, que funciona como a “impressão digital” desses felinos.
As informações colhidas pelos pesquisadores também servem como base para a manutenção do turismo de observação de onças, uma iniciativa conjunta do Instituto com Pousada Uacari para beneficiar as comunidades ribeirinhas através da atividade turística e, com isso, reverter a visão dos moradores locais sobre as onças, ainda vistas como ameaças, para estimular sua preservação e a conscientização sobre sua importância.
– Esta matéria foi originalmente publicada no OEco e é republicada através de um acordo para compartilhar conteúdo.