Grupos indígenas e comunidades tradicionais da Amazônia brasileira serão treinados pelo Google Earth para usar novas tecnologias digitais para o zoneamento cultural e o mapeamento de seus territórios na busca de sua conservação.
A partir desta segunda (07), 30 grupos indígenas e comunidades tradicionais da Amazônia brasileira serão treinadas pelo Google Earth para usarem imagens de satélite e aplicativos de celular para o mapeamento cultural e o monitoramento de seus territórios na busca de maior proteção contra o avanço de madeireiros e invasores.
A gigante de tecnologia com sede nos Estados Unidos já havia treinado centenas de índios da etnia Paiter-Suruí e agora se dispôs a ampliar o número de tribos e territórios envolvidos no programa. O caquique Almir Suruí se tornou conhecido por ter liderado a iniciativa de buscar ajuda do Google e, inspirados pelo exemplo, outros líderes indígenas resolveram unir-se à iniciativa. O documentário abaixo, feito pela própria Google, relata a história da parceria entre os Suruí e a empresa.
Até o dia 11 , a Associação de Defesa Etnoambiental Kanindé, em Porto Velho, será a sede da Oficina de Novas Tecnologias e Povos Tradicionais, que contará com a participação de quilombolas, seringueiros e indígenas de 30 etnias da região amazônica. A empresa Natura também apoia o evento e doou 30 laptops e 60 smart phones para equipar os participantes.
Os indígenas receberão orientação sobre ferramentas digitais, como o globo virtual Google Earth, que podem apoiar a gestão de seus territórios, através do mapeamento e monitoramento territorial, de acordo com a Política Nacional de Gestão Territorial e Ambiental de Terras Indígenas (PNGATI).
O treinamento será realizado em dois grupos simultâneos. Um deles será a oficina de mapeamento cultural baseado em uma metodologia de construção de mapas na plataforma do Google Earth, para a inserção de conteúdo relacionado com a cultura das tribos e comunidades. No caso do Suruí, o mapa inclui ícones que representam suas lendas, tradições e práticas de caça e pesca.
Já a oficina de monitoramento treinará os participantes na construção de formulários e questionários e na coleta de dados com celulares, promovendo o uso da tecnologia para a vigilância territorial. Um dos principais problemas enfrentados pelos indígenas e outros terras protegidas na Amazônia é invasão para o roubo de madeira.
Mapa das Terras Indígenas da Amazônia
“Com as novas tecnologias, os indígenas poderão acompanhar via satélite o que ocorre nos seus territórios, fazendo com que eles possam, sozinhos, sem depender dos não indígenas, criar seus próprios mapas, gerar relatórios dos impactos e fazer denúncias”, disse Ivaneide Bandeira, coordenadora de projetos da Kanindé. “Isso dá independência e autonomia aos povos indígenas”, afirma.
Para Rebecca Moore, diretora do Google Earth Outreach, que coordenará o treinamento com as novas ferramentas, o que mais se quer é que “o maior número de pessoas experimente e se beneficie do enorme empoderamento gerado pelo mero mapeamento de uma área”, disse. “Nossa esperança é que essa metodologia possa ser reproduzida em outras partes do Brasil e, quem sabe, do mundo”.