Extração ilegal de madeira, expansão urbana, avanço da fronteira agropecuária e impactos das obras de infraestrutura. Os vilões do desmatamento na Amazônia são conhecidos, mas qual a sua real dimensão?
A manutenção do atual ritmo de degradação condena a maior floresta tropical do planeta a durar pouco mais de dois séculos
O mapa acima remove os pixels correspondentes à cobertura florestal ao longo do tempo a partir da média de desmatamento anual da região com base no conjunto de dados Global Forest Change (2000-2012). Os novos desmatamentos são atribuídos de acordo com a distribuição de terras cultiváveis, redes rodoviárias existentes e previstas. Outra perda florestal de 0,3% ao ano é adicionada como uma projeção para o aumento do índice de desmatamento no futuro. O cenário restringe a ocorrência de deflorestação no interior de áreas protegidas. O mapa resultante é uma projeção do ano de 2260, quando grande parte da floresta amazônica estará para sempre perdida. As projeções foram feitas pelo professor Mark Mulligan , do King´s College de Londres, a pedido do InfoAmazonia
Ao aplicar um modelo de desmatamento com base nas taxas históricas e em áreas protegidas nas quais a fiscalização é ineficiente, um pesquisador britânico chegou a uma conclusão aterradora: restam pouco mais de dois séculos de vida à Amazônia. Após esse período (245 anos, para ser exato), a clássica imagem do tapete verde formado pela copa das árvores – assim como a imensurável biodiversidade – será apenas uma memória registrada em vídeos e fotos. A floresta, que foi formada ao longo de 50 milhões de anos, vai desaparecer.
Como se não bastasse, há outra constatação preocupante e muito mais imediata. Bem antes de seu fim, a floresta tropical pode deixar de prestar os serviços ecossistêmicos que ajudam a manter a vida no planeta, tais como o sequestro e o armazenamento do carbono (atuantes na regulaçao do clima), a oferta de água, o controle da erosão e outros. Mas como o geógrafo Mark Mulligan, do King’s College de Londres, na Inglaterra, chegou a estas conclusões?
“As áreas protegidas são a melhor ferramenta de conservação que temos em nossa caixa de ferramentas”, diz o pesquisador Mark Mulligan. A Floresta Nacional de Carajás, Pará, Brasil. Foto de Flavio Forner/XIBÉ
Mark, que trabalha na América Latina desde o início dos anos 1990, é um dos criadores de uma ferramenta de mapeamento de serviços ecossistêmicos chamada Co$ting Nature (em português, algo como “Valorando a Natureza”). A ferramenta online agrega camadas de dados espaciais nos contextos biofísico e sócio-econômico, além de biodiversidade, serviços ecossistêmicos, pressão antrópica e futuras ameaças. “Ela executa uma espécie de contabilidade do capital natural e calcula as prioridades de conservação de cada um quilômetro de pixel em uma escala global ou regional”, explica Mark.
Serviço Ecossistêmico – Índice de armazenamento de carbono
Índice de serviços ecossistêmicos de carbono nas plantas e no solo na Amazônia Continental. Em tom alaranjado, as zonas sustentadas por solos de turfa no Peru se destacam. O Brasil é um dos grandes emissores de carbono do planeta e a maior parte de sua contribuição tem origem nas queimadas e no desmatamento ilegal ocorridos na região Norte.
A ferramenta, que é um recurso técnico valioso usado por pesquisadores em mais de 1000 organizações em 141 países, já foi aplicada em escala local e nacional em muitos lugares do mundo. Um dos exemplos é o do povoamento colombiano de Gramalote – talvez o primeiro caso no mundo em que uma cidade é inteiramente planejada do zero a partir de critérios de capital natural, tendo o suporte tecnológico de ferramentas como Co$sting Nature.
A reportagem completa, realizada pela equipe do InfoAmazonia, conta com dados e visualizações exclusivas e pode ser acompanhada no endereço: www.costingnature.infoamazonia.org