Em 2021, um grupo de 40 mulheres começou a se reunir em um curso on-line para falar e aprender sobre justiça climática. Com diferentes atuações que incluem ciclismo, urbanismo e meio ambiente, elas passaram a monitorar e a propor soluções para os danos ambientais que a cidade onde moram, Belém, no Pará, enfrenta. Foi assim que nasceu a Rede Jandyras. Com bandeiras que envolve a qualidade de vida, principalmente na periferia de Belém, agora elas chamam a atenção para a lição de casa que a cidade precisa fazer antes de sediar a COP 30, o que pode ocorrer em 2025. É sobre essa conjuntura e a atuação das Jandyras que o podcast da Rede Cidadã InfoAmazonia se debruçou neste episódio.
Uma das Jandyras entrevistadas é a engenheira ambiental Waleska Queiroz, que contou como decidiu, após anos trabalhando com a pauta ambiental, lutar por justiça climática. “Eu venho de periferia, eu moro no bairro da Terra Firme e algumas coisas aconteciam lá e eu não entendia o porquê, qual era o principal motivador daqueles alagamentos, daquelas chuvas intensas, daquele rio que tava transbordando. Não era só questão de saneamento, tinham outras coisas envolvidas e a pauta climática está totalmente relacionada a isso”, explicou Waleska.
O termo justiça climática define a busca de garantias para que pessoas em situações mais vulneráveis sejam priorizadas nas distribuições de renda e políticas públicas quando o tema for o clima. Uma frase que define bem e costuma ser citada no debate é: “Estamos todos vivendo a mesma tempestade, mas não no mesmo barco”.
Em Belém, essa luta envolve diversos aspectos e a quilombola Ruth Costa relatou como passou a usar a bicicleta para também levantar a pauta da crise climática. Ela começou a pedalar para levar os filhos à escola e depois se tornou ativista em vários movimentos da cidade.
Segundo uma pesquisa do Instituto Pólis, publicada em 2022, a crise ambiental em Belém é desigual e afeta, principalmente, pessoas negras, famílias de menor poder aquisitivo e casas chefiadas por mulheres com renda de até um salário mínimo. O Instituto mostrou, também, que existem 125 áreas de risco na cidade, sob risco de inundações e erosões. A pesquisa mostrou, ainda, que bairros com maior poder aquisitivo, como Nazaré e Batista Campos, estão longe desses perigos.
Nestas áreas de risco, a população negra corresponde a 75%, enquanto a média geral da cidade é de 64%. Nestes lugares, a maioria das casas é chefiada por mulheres e a renda média é 32% menor do que a média geral da cidade.
É neste sentido, tentando priorizar o bem-estar e a qualidades de vida de pessoas mais vulneráveis, que a Rede Jandyras atua. A primeira iniciativa delas foi criar a Agenda Climática para Belém, com propostas para infância, habitação, saneamento básico e mobilidade. No momento elas discutem a criação de um Fórum Climático, para debater e propor mais ações.
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A pauta climática também foi destaque em matérias de veículos da Rede Cidadã InfoAmazonia. O Tapajós de Fato publicou ano passado, as informações sobre os dados do Instituto Pólis, na reportagem “População negra e de baixa renda em Belém é mais impactada por riscos ambientais, aponta estudo”.
O Blog do Fábio Pontes informou que o governador Helder Barbalho tem planejamento para tirar o estado do ranking de desmatamento. É o que ele explica na reportagem “Com o retorno do plano nacional de combate ao desmatamento, Pará deixará liderança do ranking, diz Barbalho”.
Com o título “O que podemos esperar da realização de uma COP na Amazônia”, a diretora do Instituto Mapinguari, Hanna Balieiro, publicou uma coluna no site do Nexo, em que avalia as expectativas para a COP 30.
No Amazonas, o portal O Vocativo também fez a cobertura da última COP e publicou o editorial “COP27: O papel da Amazônia para o Brasil no plano internacional”, analisando a importância da Amazônia no debate da crise climática.
Este conteúdo faz parte do projeto Rede Cidadã InfoAmazonia, iniciativa para criar e distribuir conteúdos socioambientais produzidos na Amazônia.