Após um intenso dia de chuva em Altamira, mais de 500 famílias do bairro Jardim Independente I tiveram sua comunidade alagada. Famílias denunciam que o lago da hidrelétrica está impactando diretamente o escoamento da água da chuva.
Após um intenso dia de chuva em Altamira (PA), mais de 500 famílias do bairro Jardim Independente I tiveram sua comunidade alagada. As famílias, organizadas no Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), denunciam que o lago da hidrelétrica está impactando diretamente o escoamento da água da chuva.
Elas exigem ser reconhecidas como atingidas.
Segundo a Norte Energia, as famílias se encontram a 102 metros acima do nível, portanto acima do limite estabelecido pela empresa para a remoção (até 100 metros). Os moradores cobram explicações do Ibama, órgão licenciador da hidrelétrica, sobre o assunto.
“Estamos sofrendo muito no bairro, desde a construção do lago de Belo Monte a água da chuva fica acumulada embaixo das nossas casas e hoje chegou a entrar e ainda continua em várias casas”, denuncia o morador Nonato.
Aumento de mosquitos
Outro morador, Everaldo, relata que “há três meses aumentou a quantidade de mosquitos aqui no bairro e várias mães de família tiveram que tirar dinheiro da onde não têm para comprar mosquiteiro”.
José Edirnom de Souza, militante do MAB na comunidade, está preocupado com a quantidade de crianças em estado de vulnerabilidade: “enquanto que a gente vê na televisão que o Brasil todo está combatendo o mosquito da zika e dengue, a Norte Energia e Ibama estão deixando essas crianças e mulheres em estado vulnerável”.
No dia 24 de fevereiro as famílias aguardavam a presença do Ibama em reunião na comunidade para tratar dessa situação. No entanto, o representante do órgão licenciador respondeu por telefone que não participaria porque o dinheiro das passagens foi cortado.
Os atingidos acusam o governo federal de descaso e abandono e agora prometem fazer muita luta no 14 de Março, Dia Internacional de Luta contra as Barragens, para garantir o direito à moradia digna.
– Esta matéria foi originalmente publicada por MAB AMAZÔNIA.