Um estudo mostra que, se as hidrelétricas previstas pelo governo federal forem construídas, o desmatamento no coração da Amazônia pode atingir 3,2 milhões de hectares.
Até 2013, a bacia do Tapajós já havia perdido 19% de sua floresta, o que equivale a mais de 15,6 milhões de hectares. Entre os cenários que o IPAM rodou para estimar o impacto da construção das dez hidrelétricas na bacia previstas no Plano Decenal de Energia 2014, a área derrubada pode atingir 2,7 milhões de hectares, no melhor cenário, e 3,2 milhões de hectares, no pior cenário até 2030.
Caso as UCs da região não existissem, o desmatamento acumulado poderia chegar a 4,6 milhões de hectares, no pior cenário, até 2030. A diferença entre os cenários revela o papel das áreas protegidas, incluindo terras indígenas, como um colchão de proteção das florestas.
“Algumas dessas hidrelétricas são planejadas em áreas altamente vulneráveis ao desmatamento, sem destinação e ainda cobertas por floresta”, afirma Ane Alencar, diretora adjunta do IPAM e autora do estudo. “Essas são áreas propensas à invasão e à grilagem. Ou seja, as hidrelétricas serviriam de gatilho para o desmatamento.”