Doze mil focos registrados: este já é o ano com maior número de queimadas detectados no estado do Amazonas, desde o início da série história, em 1998.
Manaus, AM — A floresta no Amazonas queima e vai continuar a queimar. A evidência visível pelas janelas e nas ruas da capital do estado e em cidades do interior é a neblina de fumaça, mais densa no início da manhã e da noite, que persiste há pelo menos dez dias. Nas estatísticas, os números confirmam e explicam o ar pesado da metrópole: em menos de 15 dias, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) já registrou mais focos de calor do que em outubro inteiro do ano passado. (Veja o quadro abaixo). E a previsão climática não apresenta um bom prognóstico.
Climatologistas da Agência Espacial Americana (NASA) afirmaram no início desta semana que o El Niño este ano vai ser tão ou mais intenso do que o registrado entre 1997 e 1998, quando grandes incêndios florestais atingiram 25% do estado de Roraima. De acordo com a NASA, há 95% de chances do El Niño se prolongar até a virada do ano.
O boletim mensal do Serviço de Proteção da Amazônia (Sipam) apresenta os efeitos do fenômeno sobre o clima da região. As chuvas estiveram bem abaixo do que é esperado para setembro e devem continuar assim pelos próximos meses. A estação chuvosa começa agora em outubro, mas teremos menos dias de chuva e menos água do que seria considerado normal para o período.
Para enfrentar o fenômeno, o governo do estado decretou situação de emergência por 90 dias em 12 cidades, entre elas, Manaus, devido aos incêndios florestais. Entre as ações previstas, estão campanhas de conscientização e gastos estimados em R$ 5 milhões para combater o fogo e evitar novas queimadas, além dos custos da estrutura da Defesa Civil e Corpo de Bombeiros. O governo do Amazonas pretende pedir ajuda da União para bancar esse valor.
Ademir Stroski, secretário estadual de Meio Ambiente, explica que foi criado um comitê para acompanhar a situação das queimadas, com acesso a boletins e imagens de satélite, além de uma sala de controle, que conta com a participação do Corpo de Bombeiros. O centro que transmite vídeo-aulas para o interior da Secretaria Estadual de Educação vai ser utilizado para difundir informações para evitar queimadas. Até agentes de endemias vão atuar na campanha de prevenção.
O secretário afirma que o estado foi pego de surpresa pela grande ocorrência de queimadas em municípios do entorno de Manaus. “Esse ano começou com queimadas concentradas no Sul do Estado, onde estávamos agindo, mas na segunda quinzena de setembro e agora em outubro, elas passaram para municípios da região metropolitana”, conta Stroski.
Ele afirma que o Corpo de Bombeiros do Amazonas já formou este ano 541 brigadistas em todo o estado. Eles estão tendo um trabalho duro para controlar os incêndios. Os brigadistas tiveram que atuar, por exemplo, no Parque Estadual da Margem Direita do Rio Negro, onde havia mais de 40 focos de incêndios, já reduzidos a dois focos. A previsão é que eles vão suar muito nas próximas semanas.
Queimadas no Amazonas
Mês a mês (fonte: Inpe)
Imagem da Nasa indica El Niño tão intenso e talvez até pior do que em 1997/1998.
– Esta matéria foi originalmente publicada no OEco e é republicada através de um acordo para compartilhar conteúdo.