Índices de pobreza na região são maiores em áreas onde há exploração de recursos não-renováveis.

yasun

Com uma área de 116.588,10 km², que corresponde a 45% de todo o território nacional, a amazônia equatoriana abriga uma população de aproximadamente 740 mil pessoas, quase 5% do total de habitantes do país, conforme o último censo realizado na região, em 2010. Em um ambiente de densidade demográfica tão baixa, índices de probeza elevados se destacam.

Documento elaborado pela Articulación Regional Amazônica (ARA), uma rede formada por ONGs e entidades ligadas à pesquisa e conservação da Amazônia, aponta que, na região, ao contrário do resto do país, as taxas de pobreza não apenas são maiores, como também têm aumentado.

O estudo será apresentado na 21ª Conferência do Clima (COP 21), a ser realizada na capital da França, Paris, em dezembro deste ano.

Os municípios que apresentam os percentuais mais altos de Necessidades Básicas Insatisfeitas (NBI) são Sucumbíos (87,05%) e Orellana (85,01%), regiões de intensa exploração petrolífera. Os percentuais mostram que quase 90% dos habitantes das referidades cidades são pobres. A média nacional de pobreza no Equador é de 60%.

Sucumbíos possui por volta de 176 mil habitantes e Orellana 136 mil, aproximadamente, de acordo com o censo.

A NBI é uma medida multidimensional desenvolvida nos anos 80 pela Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL). O método compreende cinco dimensões e dentro de cada dimensão há indicadores que medem privações, expressas em percentagens da população com incidência: 1) capacidade econômica; 2) acesso à educação básica; 3) acesso à habitação, 4) acesso aos serviços básicos.

Mesmo estando inseridas numa área com grande volume de água, 45% da população que vive na amazônia do Equador não possui abastecimento regular para consumo. No restante do país, a água chega em 75% dos lares, aponta o censo.

Na região, os índices de analfabetismo também são maiores, ainda que ligeiramente, do que a média do país, que é de 8,04%. O município do território amazônico com mais pessoas analfabetas Morona Santiago. Por lá, 10,32% da população não sabe ler ou escrever.

O documento ressalta que os povos que habitam a Amazônia do Equador são formados por uma diversidade étnica, prevalecendo, contudo, a influência dos habitantes originais – os indígenas.

Segundo o censo de 2010, aproximadamente 245 mil pessoas (38,5%) da região amazônica do Equador são indígenas.

Conforme o documento, a atividade econômica mais comum nos municípios que compõem o referido território – com exceção de Sucumbíos e Orellana – é a madeireira.

Exploração econômica

A ARA aponta que a exploração de recursos não renováveis, como o petróleo, figura como principal fonte de financiamento da economia equatoriana. O desmatamento na região estaria diretamente relacionado à atividade.

De 2000 a 2008 a média de desmate no território, de 77.647 hectares por ano, foi inferior à registrada entre 1990 a 2000, de 89.644. No entanto, na parte sul da Amazônia do Equador, conhecida como Vertiente Oriental de los Andes, a média do deflorestamento entre 2000 a 2008 foi de 21.501 hectares a cada ano, 65% superior ao que foi contabilizado entre 1990 a 2000.

As consequências da exploração econômica desenfreada para o meio ambiente, porém, vão além do desmatamento, ressalta o estudo. Água e lençol freático contaminados por metais pesados e produtos petroquímicos; morte de peixes; doenças e má-formação em animais (como cães, cavalos, porcos, bovinos e aves) e humanos seriam algumas delas.

Até mesmo áreas protegidas têm sido exploradas. Em 2013, após autorização da Assembleia Nacional autorizar, o presidente do Equador, Rafael Correa, permitiu que empresas petroleiras passassem a atuar no Parque Nacional de Yasuní. Estima-se que a quantidade de petróleo no local (mais de 800 milhões de barris), valha mais de US$ 7,2 bilhões.

O território amazônico do Equador possui 17 áreas verdes consideradas Reservas Ecológicas ou Parques Nacionais.

A ARA orienta que “é necessário reduzir a deflorestação a zero urgente, para antes de ontem”, devido à destruição já causada às áreas verdes. Os pesquisadores também defendem que a ciência seja mais popularizada entre a sociedade civil, que haja um replantio intenso de árvores e que o fogo provocado pela ação humana seja devidamente proibido na região Amazônica.

Por fim, a ARA enfatiza a necessidade de ocorrer, no geral, um choque de realidade.

“Governantes e sociedade precisam acordar. Na Amazônia, a falta de agilidade é decisiva para longos atrasos no estabelecimento de metas e ações que devem ser urgentes, mas que seguem presos na burocracia impeditiva e impenetrável”.

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