Como o garimpo ilegal vem mudando a cor do rio Tapajós
Tingindode Lama
GARIMPO
Chamada de “Caribe Amazônico”, Alter do Chão é uma vila paradisíaca na Amazônia paraense conhecida por suas praias de areias brancas banhadas pela água cristalina do rio Tapajós.
Alter do Chão, Santarém, outubro de 2021
Mas em janeiro de 2022, em plena alta temporada, a paisagem de um dos principais destinos turísticos brasileiros ficou bem diferente.
Alter do Chão, Santarém, outubro de 2021
O tom barrento da água do Tapajós chamou a atenção de turistas e moradores locais. Logo, foi levantada a hipótese de a mudança estar relacionada à lama despejada no rio pela atividade garimpeira.
Em 2021, uma mancha de sedimentos causados pelo garimpo de ouro já se estendia por 500 km do Tapajós, segundo imagens de satélites analisadas pelo InfoAmazonia e EarthRise Media.
A atividade garimpeira nesta região disparou 70% nos últimos cinco anos.
Junho de 1984
Junho de 2020
No início de 2022, logo após a alteração da cor do rio em Alter do Chão ter ganhado repercussão, uma nota técnica de cientistas do Mapbiomas analisou as imagens de satélites e confirmou que o aumento da turbidez no Tapajós pode ter influência da atividade garimpeira e de outras alterações de uso da terra.
Dias depois, um inquérito da Polícia Federal também investigou a alteração na tonalidade do Tapajós. O laudo pericial confirmou que a mudança de cor na água em Alter do Chão foi causada pela intensificação do garimpo ilegal, principalmente nos afluentes dos rios Crepori e Jamanxim.
Em seguida, a PF deflagrou a operação “Caribe Amazônico”, que reprimiu a atividade garimpeira na região por meio da apreensão e destruição de maquinários.
Organizações não governamentais estimam cerca de 60 mil garimpeiros, mais de duas mil dragas ilegais e 850 garimpos legalizados ao longo do rio Tapajós e seus afluentes.

REPORTAGEM E IMAGENS
Julia Dolce

IMAGENS ADICIONAIS
Satélite: Imagens cortesia de USGS/NASA Landsat / produzido por Earthrise; Polícia Federal / Divulgação

EDIÇÃO
Cristiano Navarro e Juliana Mori

IDENTIDADE VISUAL
Clara Borges

MONTAGEM
Laiza Lopes