Em outubro de 2020, a líder indígena Alessandra Korap, do povo Munduruku, recebeu um dos mais importantes prêmios para defensores dos direitos humanos em todo mundo, o Robert F Kennedy. O reconhecimento se deve principalmente ao protagonismo de Alessandra na defesa do território munduruku, localizado no rio Tapajós, estado do Pará. Há anos, ela vem denunciando o desmatamento ilegal por madeireiros e a nefasta invasão de garimpeiros.
Mas o prêmio não reflete apenas pela luta de seu povo. Alessandra se tornou uma das principais vozes da resistência indígena em todo o Brasil. Ela rompeu barreiras entre as lideranças predominantemente masculinas e emergiu com enorme força. Infelizmente, sua resistência também a colocou em evidencia entre os malfeitores; não são poucas as ameaças recebidas pela líder munduruku.
Conversamos com Alessandra em um sábado no fim de outubro, poucos dias depois da cerimônia de premiação. Na entrevista, gravada da aldeia Praia do Índio, no município de Itaituba, ela celebrou o prêmio como uma conquista dos munduruku, lembrou de sua trajetória e de como foi ganhando espaço entre os líderes de seu povo.
«Muitas vezes nos falavam que nós mulheres não éramos capazes, que nós mulheres não podíamos estar na luta, que não podíamos ficar falando. Mas de repente dissemos: as mulheres têm coragem»
Neste novo episódio de Pandemias na Amazônia, contamos com a participação dos antropólogos Thiago Mota Cardoso, professor da Universidade Federal do Amazonas (UFAM), e da pesquisadora Luisa Molina, da Universidade Nacional de Brasília (UNB)
Pandemias na Amazônia é uma parceria com o Núcleo de Estudos da Amazônia Indígena (NEIA) da Universidade Federal do Amazonas (UFAM). Ao longo de 2020, o projeto Pandemias na Amazônia reuniu em um mapa interativo relatos de povos indígenas, ribeirinhos e quilombolas afetados pela Covid-19. Em 2021, seguiremos reunindo histórias sobre as muitas epidemias virais e ambientais que afetam a Amazônia. Saiba mais sobre o projeto https://infoamazonia.org/pt/projects/portugues-pandemias-na-amazonia/