Indígenas e extrativistas se unem em projeto para proteger territórios e reservas no estado
Uma nova Aliança dos Povos da Floresta surge no Acre
COMUNIDADES
A famosa Aliança dos Povos da Floresta foi um divisor de águas na luta socioambiental na Amazônia.
Indígenas e seringueiros eram inimigos desde o final do século 19. Nos anos 80, no contexto da ocupação predatória da região, perceberam que tinham adversários em comum e se deram as mãos. A luta agora ganhou um novo capítulo.

Atividades inspiradas no movimento, criado nos anos 80 pelo seringueiro Chico Mendes, reconectam indígenas e extrativistas para fazerem frente aos desafios atuais, como o avanço do desmatamento e mudanças climáticas.

O objetivo é implementar, de forma inédita no Acre, a gestão integrada de nove terras indígenas e três reservas extrativistas (Resex), formando uma nova Aliança dos Povos da Floresta aos moldes da criada por Chico Mendes.

As áreas contempladas representam 11% do território do Acre e abrigam 11 mil pessoas, responsáveis pela proteção de 17.000 km² de floresta.
“Já estamos sentindo o choque, e só a união é que vai conseguir nos proteger.”

Jocemir Saboia, líder na TI Kaxinawá do Rio Humaitá
A “Aliança” começou em 2021 e prevê, até 2025, a troca de experiências sobre manejo sustentável e de formas de proteção e monitoramento territorial para conter o aumento da derrubada da floresta, uma preocupação comum a indígenas e extrativistas.
“Nunca tinha visto tanta árvore derrubada na nossa terra. Entraram com uma balsa para transportar toda a madeira e ainda tivemos de ouvir ameaças.”

Josias Pereira Huni Kuin, agente florestal





















Responder às mudanças climáticas e às pressões políticas é uma das propostas do projeto. A Terra Indígena Kaxinawá do Rio Jordão sofreu uma inundação neste ano que deixou a comunidade isolada. Em outra aldeia, próxima ao rio Humaitá, 1/3 da agricultura foi perdida para as águas.
A “Aliança” quer fortalecer politicamente as organizações comunitárias para influenciar decisões que garantam a proteção dos mananciais, com reflorestamento, e o acesso à água.
“Tenho buscado passar adiante essa ideia para manter viva a essência e os princípios de proteção da Resex.”

José de Olinda Nobre, da Resex Alto Tarauacá
REPORTAGEM
Leandro Chaves

EDIÇÃO
Sílvia Lisboa

IMAGENS SOS Amazônica-Divulgação; Miranda Smith (foto Chico Mendes), e Rita Hunikuin (foto e vídeo da enchente), Daniela Marchese, Ernesto, Paula Lima (CPI-Acre/Divulgação)

MONTAGEM
Laiza Lopes

IDENTIDADE VISUAL Clara Borges