Entrevista com as líderes que participaram do Acampamento Terra Livre: Sônia Guajajara, Fabrícia Sabanê e Tati Pepe
O PROTAGONISMO DA MULHER NO MOVIMENTO INDÍGENA
ATL 2022
Em meio a chás e ervas, Tati Pepe Macuxi é a responsável pela medicina tradicional no Acampamento Terra Livre.
TATI PEPE
artesã de medicina tradicional Macuxi
“Essa prática é ancestral. Cada povo tem sua medicina. Nós, Macuxi, temos a ancestralidade como riqueza de família. Meu avô era rezador, minhas avós e bisavós eram parteiras e trabalhavam com ervas.”
“Intensificamos a produção na pandemia. As pessoas da cidade pediam para a gente fazer pomadas para dor de cabeça e febre. Quando nós vimos, a cidade toda estava pedindo.”
“A presença feminina é cada vez mais forte e isso nós podemos ver no ATL. Isso fortalece nosso trabalho e empodera nossas práticas. Não servimos só para cuidar dos filhos e da casa.”
O protagonismo dessas mulheres sempre esteve lá, em lideranças criadas nas aldeias.
O processo de conscientização e a necessidade de lutar pelo território motiva cada vez mais a ocupação do espaço político.
Fabrícia Sabanê
coordenadora da Associação das Guerreiras Indígenas de Rondônia (AGIR)
“É muito importante ter mulheres indígenas nos papéis de liderança, são elas que estão na base.”
Como coordenadora da AGIR, Fabrícia e sua equipe construíram um jeito divertido e criativo de driblar a timidez das jovens indígenas na participação política.
O grupo de Fabrícia promoveu dinâmicas online com jovens de 13 a 19 anos por meio de formação com jogos.
“A participação das mulheres surge pelo descaso do governo em relação à saúde dos filhos. Na maioria das vezes, quem vai acompanhar o filho somos nós mulheres. E elas perceberam que a mudança tinha que partir delas.”
Fabrícia observa o Acampamento como espaço de intercâmbio feminino.
“É um momento de fortalecimento das mulheres. Nossa luta não é individual. Existem pontos que outras parentes ainda não resolveram, mas na nossa região nós conseguimos resolver. Todas aprendemos juntas.’’
sônia guajajara
coordenadora da APIB e uma das lideranças indígenas mais importantes do Brasil
“Nós estamos na 18ª edição e temos uma história de mobilização. O objetivo principal de estar aqui é impedir a aprovação de todas as medidas anti-indígena que tramitam nos três poderes da União.’’
Com uma trajetória de luta, Sônia é uma referência muito importante para participação das mulheres na política e nas aldeias.
“Hoje nós temos muitas mulheres que estão saindo do chão da aldeia para o chão do mundo. E isso é muito importante para a sobrevivência do nosso povo.”