Relatório oficial identifica dragas e barcos apoiando os crimes na área protegida do Amazonas, na fronteira com a Colômbia
Garimpo ilegal avança na Estação Ecológica
Juami-Japurá
GARIMPO
Desde 2019, a mistura de areia e pedra com aparência esbranquiçada que você vê nesta imagem avança sobre o sinuoso rio Juami, afluente do rio Japurá, que nasce na Colômbia e deságua no rio Solimões.
Chamado de “arroto de draga”, esse resíduo do garimpo ilegal foi identificado por uma equipe do ICMBio que sobrevoou a ESEC Juami-Japurá em agosto de 2021. A área protegida fica na fronteira com a Colômbia.
O relatório, obtido com exclusividade pela reportagem do PlenaMata e InfoAmazonia, traz imagens que revelam a devastação que se alastra há 3 anos na área de proteção federal.
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dragas
5
barcos
ESEC JUAMI-JAPURÁ
identificados em agosto de 2021
“Trechos consecutivos de margens destruídas e sucessivos e crescentes bancos de areia, decorrentes da dragagem, se intensificam rio acima, comprometendo a quase totalidade do seu curso.”

Trecho do relatório do ICMBio
Imagens de satélite analisadas pela reportagem detectaram intensa atividade garimpeira dentro da estação ecológica.

O garimpo se alastrou ao longo do rio Juami desde 2019 e segue aumentando em 2022.
“A situação se agrava a cada dia na região, onde há um conluio do crime organizado brasileiro e de países vizinhos”, afirmou um servidor federal que não quer ser identificado por medo de retaliações.
O relatório do ICMBio endossa que “há membros infiltrados de grupos paramilitares da Colômbia, patrocinando a atividade do garimpo e achacando comunidades e extrativistas brasileiros”.
Ações do governo Jair Bolsonaro são simpáticas ao avanço da mineração ilegal. O PL 191, de autoria do Executivo, quer liberar o garimpo e outras atividades em terras indígenas.
Dados do MapBiomas mostram que, de 2010 a 2020, a área afetada por garimpos saltou 495% em terras indígenas e 301% em unidades de conservação.
"A busca por ouro ameaça, com pedidos de mineração, 6,2 milhões de hectares em unidades de conservação e terras indígenas na Amazônia Legal, equivalentes a dois países como a Bélgica ou 40 vezes a cidade de São Paulo."
Rebeca Lins, advogada do Instituto Escolhas
REPORTAGEM
Aldem Bourscheit

EDIÇÃO
Sílvia Lisboa e Juliana Mori

IMAGENS / IMAGEM SATÉLITE
Relatório ICMBio; Planet Labs Inc., com acesso facilitado pelo Pulitzer Center

MONTAGEM
Laiza Lopes

IDENTIDADE VISUAL
Clara Borges