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Por que o governo divulga a taxa de desmatamento da Amazônia duas vezes?

Em 14 de agosto, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) apresentou a taxa de desmatamento oficial da Amazônia brasileira entre agosto de 2013 e julho de 2014. Este resultado é 3% maior do que o número anunciado em novembro de 2014.

por Stefano Wrobleski

Ministros Aldo Rebelo (MCTI) e Izabella Teixeira (MMA) anunciam o resultado final do Prodes de 2014. Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
Ministros Aldo Rebelo (MCTI) e Izabella Teixeira (MMA) anunciam o resultado final do Prodes de 2014. Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

No último dia 14 de agosto, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) apresentou a taxa de desmatamento oficial e consolidada da Amazônia brasileira entre agosto de 2013 e julho de 2014. No período a floresta perdeu 5.012 quilômetros quadrados – o segundo menor valor desde 1988. O resultado é 3% maior do que o número anunciado em novembro de 2014. A taxa é medida pelo Programa de Monitoramento da Amazônia por Satélites (Prodes).

De acordo com Dalton Valeriano, coordenador do Programa Amazônia do INPE, a diferença entre os números acontece porque os dados apresentados em novembro são resultado de estimativas. Com base na verificação do desmatamento de parte das imagens de satélite do bioma, o INPE avalia a provável quantidade perdida de florestas em toda a Amazônia Legal. “O 3% é um índice maravilhoso, porque o primeiro [número apresentado em 2014] é uma estimativa. O segundo que é realmente o mapa completo”, afirma.

O uso de estimativas oficiais para os dados de desmatamento na Amazônia brasileira começou em 1995, quando o Prodes demorava até um ano e nove meses para ser liberado. A partir daquele ano, a espera pelas indicações de onde e quanto a devastação da floresta havia avançado foi reduzida em um ano, o que facilitaria o direcionamento de verbas públicas no combate ao desmatamento.

Dez anos depois, em 2005, o INPE passou a estimar os locais de destruição do bioma no mesmo ano a partir da análise de 50% das imagens de satélite disponíveis. O percentual foi crescendo e, a partir de 2009, a estimativa de desmatamento do Prodes, passou a ser composta pela verificação de 90% de todas as imagens de satélite daquele ano.

Dalton explica que, também desde 2009, estas estimativas de desmatamento devem ser liberadas sempre antes da conferência anual da Convenção das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, que costuma ocorrer entre novembro e dezembro de cada ano. Em 2015, a 21ª edição da conferência ocorrerá em Paris entre 30 de novembro e 13 de dezembro e contará com chefes de Estado de todo o mundo.

Os locais de desmatamento mapeados na última edição do Prodes já estão disponíveis no InfoAmazonia. Clique aqui para consultá-los ou confira abaixo.

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