Diante dos novos números, taxa do desmatamento do biênio 2019-2020 provavelmente será das mais altas já registradas desde que o início da contagem do INPE

Diante dos novos números é muito provável que a taxa final do desmatamento do biênio 2019-2020 seja uma dos mais altas registradas desde que a contagem do INPE foi iniciada. Foto de abertura: Desmatamento no Sul do Amazonas, ao longo da rodovia BR-319. Crédito: Márcio Isensee/InfoAmazonia

por Gustavo Faleiros

Na última terça-feira, dia 09 de junho, durante reunião de ministros do Governo Bolsonaro, o vice-presidente Hamilton Mourão informou resultados positivos das ações de fiscalização na Amazônia. Segundo ele, o desmatamento em maio teria atingido os níveis mais baixos.

“O desmatamento no mês de maio caiu ao mínimo comparado com anos anteriores. Então o nosso primeiro objetivo foi conquistado”, disse Mourão, que coordena o Conselho da Amazônia, durante a reunião, transmitida ao vivo pela TV Brasil.

Mas dados do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) indicam tendência oposta. Os alertas de desmatamento do sistema Deter (Detecção em Tempo Real) mostram que no mês de maio houve um total de 830 km² de áreas desmatadas, 12% maior que o maio de 2019.

É a maior quantidade de alertas já registrados desde 2015. Este número une os desmatamentos classificados como supressão total de vegetação (corte raso), além de corte parcial de vegetação e o desmatamento causado por mineraçao

Desde de janeiro de 2020, o total de áreas desmatadas observadas nos alertas foi 2033 km². Esta também é a maior cifra desde 2015, quando se inicia a série histórica do Deter-B e 34% maior do que o mesmo período do ano passado.

Porém a comparação mais preocupante se dá quando se faz a contagem de alertas de desmatamento acumulados desde agosto de 2019. Este é o mês em que começa o calendário oficial de medição da taxa oficial de desmatamento.

Se tomarmos os dados de agosto do ano passado a maio deste ano, o total desmatado é 6500 km² contra 3654 km² do periodo anterior. Ou seja um crescimento de 77% no ano de referência.

Diante destes números é muito provável que a taxa final do desmatamento do biênio 2019-2020 seja uma dos mais altas registradas desde que a contagem oficial do INPE foi iniciada em 1988.

A tendência revela um fracasso no papel dos militares no combate ao desmatamento, tão alardeado pelo governo Bolsonaro.

Mourão é o coordenador do Conselho da Amazônia, um grupo composto em sua maioria por militares e representantes das Forças Armadas. O conselho está a frente do planejamento da Operação Verde Brasil 2, que busca coibir o desmatamento ilegal com uso das forças armadas.

Olhando os dados de alerta de desmatamento para maio, se nota que, não apenas não foi o menor de todos os tempos como disse o Mourão durante reunião ministerial, como os maiores desmatamentos de 2020 ocorreram no mês de maio.

No dia 01 de maio, a plataforma Terra Brasilis do INPE registra um total de 158 km² de áreas desmatadas. A maior parte dos alertas foi emitida no estado do Pará, nos municípios de São Felix do Xingu e Altamira, dois tradicionais campeões na lista dos que mais desmatam.

Outro dado importante que surge da atualização dos alertas de desmatamento entre janeiro e maio de 2020. Mesmo sendo um dos estados mais afetados pela pandemia, o Amazonas está à frente de Rondônia e ocupa o terceiro lugar com maior area desmatamada, após o Mato Grosso e o Pará.

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