No filme há depoimentos da população que sofreu violações de direitos humanos, além do desemprego, desalojamento forçado e sem indenização das famílias cujas áreas ficaram inundadas pelas barragens.

“No meio da Amazônia existem pessoas. E as pessoas falam. Se as pessoas não falam, o rio vai falar.”

“Havia prostituição dentro das escolas.”

“Tudo o que tínhamos de frutas na região do alto e baixo Madeira, tudo a água matou.”

Estas são algumas das frases de personagens que sofrem com os impactos socioambientais ocasionados pela construção das usinas hidrelétricas do rio Madeira, e que ganharam voz no documentário “Jirau e Santo Antônio: Relatos de uma Guerra Amazônica”, produzido pelo Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB). O filme será lançado na próxima segunda-feira (30/05) no Auditório Paulo Freire, da Universidade Federal de Rondônia (Unir). No dia seguinte (31), haverá uma nova exibição no Teatro Banzeiros, também em Porto Velho.

Segundo o MAB, o documentário foi gravado no final de 2015 em cidades como Jaci Paraná, Nova Mutum, Velha Mutum e Abunã, todas elas distritos de Porto Velho e impactados diretamente pelas obras do complexo hidrelétrico. No filme há depoimentos da população que sofreu violações de direitos humanos, como violência sexual de crianças e adolescentes, abusos contra as mulheres, danos ambientais como contaminação da água, desmatamento ilegal, além do desemprego e desalojamento forçado e sem indenização das famílias cujas áreas ficaram inundadas pelas barragens. Veja o trailer aqui.

Entre as entrevistadas está Nilce de Souza Magalhães, a Nicinha, uma das lideranças da região do Madeira que desapareceu em 7 de janeiro de 2016. A Polícia Civil de Rondônia prendeu um jovem e diz que confessou o assassinato. “Ela denunciava as violações dos direitos humanos sofridas pelas populações pela construção das usinas”, diz o MAB.

Segundo João Dutra, da coordenação do MAB em Rondônia, o filme pretende apresentar para a sociedade “uma espécie de dossiê, no qual denunciamos com os depoimentos de atingidos, documentos oficiais e laudos técnicos a comprovação de diversos impactos socioambientais e das sistemáticas violações de direitos humanos ao longo do rio Madeira na construção do complexo hidrelétrico, reafirmando um padrão vigente em todo país desde a ditadura militar”.

Além da exibição, um debate contando com a presença de pessoas atingidas pelas barragens do Madeira também está previsto para acontecer após a sessão do documentário no campus da Unir. A apresentação começa às 19 horas deste segunda-feira (30/05).

 

– Esta matéria foi originalmente publicada no Amazônia Real e é republicada através de um acordo para compartilhar conteúdo.

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